Crise reduz preço da carne bovina

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Prêmio pago pelos frigoríficos pelo produto rastreado em Minas Gerais apresenta forte retração.


 
A crise financeira internacional já está gerando reflexos negativos nos valores do prêmio pago pelos frigoríficos pela carne bovina rastreada em Minas Gerais. No Estado, há cerca de um mês o valor pago variava entre R$ 10 e R$ 15 acima da cotação da arroba, enquanto hoje o segmento apenas encontra prêmios que variam entre R$ 3 e R$ 5 acima da arroba.

 

Segundo o presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), José Geraldo Pedra Sá, a retração é um reflexo do mercado consumidor que está em níveis inferiores nos últimos 30 dias. "São perdas consideráveis que acabam refletindo no bolso do criador, mas ainda temos expectativa de retomada nos valores do prêmio", salientou.

 

Para Pedra Sá, em toda crise existe a fase inicial de medo de consumir, com as pessoas reduzindo as compras. Mas o dirigente apontou que, no meio dessa turbulência, a expectativa é que o mercado consiga se estabilizar, com o retorno do bônus adequado. Afinal, esse prêmio é relativo a todo um processo de qualidade, no qual os pecuaristas ofertam no mercado animais que demandam por mais controles e cuidados, afirmou.

 

Recuperação - De acordo com o dirigente, a perda da maior parte do bônus pode afetar os criadores pois era um ponto substancial para manutenção das atividades. "Ainda assim, a expectativa é otimista e tudo nos leva a acreditar que entre os próximos 60 dias e 90 dias o mercado poderá voltar a reagir, com os preços conseguindo se estabilizar", projetou.

 

Para o diretor da Associação de Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal (Afrig), Arthur Coutinho, a redução no prêmio pode ser atribuída à crise que afeta a Europa, gerando queda na demanda pelo produto brasileiro. "O ágio desapareceu dos preços e a diferença, de tão pequena, não remunera os produtores. Mas creio que esse cenário não irá durar muito pois temos diferencial no produto", afirmou Coutinho.

 

Ainda assim, segundo Coutinho, o pequeno volume de animais disponíveis para comercialização está sendo negociado com o baixo ágio no mercado. A arroba hoje para exportação está em torno de R$ 85 que, com o prêmio chegando a uma cotação entre R$ 88 e R$ 90. "O mundo está enfrentando um momento complicado ao passar por esta crise financeira. O que podemos fazer agora é observar para compreender o que poderá ocorrer daqui para frente", salientou o dirigente.

 

Segundo o diretor comercial do Frigorífico Independência, André Skirmunt, a redução nos valores do prêmio pago pelo gado rastreado começou em novembro, quando os preços da carne na Europa apresentaram retração, fazendo com que o ágio na arroba sofresse queda no país. "Hoje esse incremento gira entre 5% e 10% sobre o valor da arroba. Em Minas Gerais, neste período de pouca oferta, o premio varia entre R$ 4 e R$ 8", afirmou.

 

Para Skirmunt, o prêmio deverá ser reajustado assim que a Europa começar a demandar por mais carne bovina. "Acredito que entre fevereiro e março de 2009 poderá ocorrer incremento na demanda em função da Páscoa mas, se este cenário irá se concretizar, dependerá muito do mercado", explicou.

 

Sem revelar dados, o dirigente afirmou que a unidade do Independência em Janaúba (Norte de Minas) vive um bom momento em relação às exportações de carne bovina. "Tivemos um bom ano de negócios, com crescimento estimado em torno de 30% na produção e mesmo percentual nas exportações. Nossa idéia é continuar investindo na planta a partir de 2009 para manter o crescimento", projetou.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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