Despenca prêmio do boi certificado para a UE

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A menor demanda da Europa por carne bovina brasileira, já reflexo da crise financeira internacional e de fatores sazonais, fez os frigoríficos exportadores derrubarem o valor do ágio pago pela arroba do boi rastreado. De acordo com Ricardo Merola, presidente da Assocon (associação que reúne 50 confinadores em seis Estados), no máximo, as empresas têm pago 3% sobre a arroba do boi gordo, o que hoje em Goiás, por exemplo, significaria R$ 2,50. Mas há casos de frigoríficos que não estão pagando nenhum prêmio pelo animal certificado para abate e exportação da carne à União Européia. 

 

"Tem gente que não paga nada", afirmou. "É quase impossível com esse prêmio [investir na certificação]", observou Merola em entrevista para falar das perspectivas em 2009 para o confinamento. Juan Lebrón, diretor da Assocon, considera que o pecuarista ficou "sem estímulo para investir em rastreabilidade". Assim, segundo a associação, o número de fazendas no país certificadas para fornecer animais para abate e venda da carne à UE - hoje cerca de 600 - pode diminuir. A razão é que, com o prêmio baixo ou inexistente, alguns produtores podem desistir no caso de as auditorias periódicas do Ministério da Agricultura indicarem inconformidades. 

 

Em abril deste ano - quando apenas 96 fazendas eram certificadas - , empresas chegaram a pagar entre 10% e 17% de prêmio pela arroba. O número de propriedades cresceu, o mercado foi se adequando e o ágio caiu para uma média entre 7% e 10%. 

 

De acordo com o diretor-comercial do Independência, André Skirmunt, esse era o quadro até quatro semanas atrás. Agora, no caso do Independência, o prêmio varia entre 3% e 5%, segundo ele. "O preço [para a Europa] caiu com a demanda menor e isso foi revertido para a matéria-prima", disse Skirmunt, para explicar o recuo dos prêmios. 

 

Uma fonte do setor disse que os frigoríficos têm pago bônus entre R$ 5,00 e R$ 10,00 por arroba para o animal certificado. Outro executivo de frigorífico que exporta para a UE reconheceu que há empresas que deixaram de pagar o prêmio, mas disse que a situação é sazonal e "com certeza, em janeiro, vão voltar a pagar". Segundo ele, nesta época do ano a "Europa não compra nada", por isso os preços recuam e com eles os prêmios. Na avaliação desse executivo, um ágio de 3% está abaixo da realidade, assim como o de 15%. Ele considera adequado um percentual entre 5% e 10%. 

 

Mesmo com o cenário incerto para o prêmio, o pecuarista João Paulo Canto Porto não pretende desistir da certificação de sua propriedade em Jussara (GO), onde confina 4 mil bois. "O investimento é grande. Se desistir, perco três de trabalho", disse o criador cuja fazenda está sendo auditada pelo Ministério da Agricultura para fornecer animais para abate e exportação à UE. 


 
Veículo: Valor Econômico


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