O pedido de proteção contra a falência impetrado pela americana Pilgrim's Pride na Justiça de seu país, divulgado na última segunda-feira, chamou novamente a atenção do mercado financeiro para a saúde dos negócios de outras grandes companhias de carnes dos Estados Unidos, como Tyson e Smithfield.
Ainda que o debacle da Pilgrim's em princípio possa beneficiar os negócios de carne de frango de Tyson e Smithfield, dado o peso da combalida gigante nesse segmento - e o vácuo que pode ser criado a partir do pedido de recuperação -, cresce entre os analistas a desconfiança de que a erosão macroeconômica doméstica e internacional afetará significativamente seus resultados.
Sobretudo por isso o Credit Suisse divulgou ontem revisões para baixo nos preços-alvo para os próximos 12 meses das ações tanto da Tyson quanto da Smithfield, duas empresas com histórias até agora discretas no Brasil. No caso da Tyson a redução foi de US$ 10 para US$ 8; no da Smithfield, foi mais radical: de US$ 24 para US$ 8.
Ajustados com regularidade, esses preços-alvo poderão voltar a aumentar depois de mensurados os eventuais ganhos que a indústria americana de carnes como um todo poderá ter caso a crise se agrave na Pilgrim's, que negocia um empréstimo de US$ 450 milhões junto ao Bank of Montreal.
Influenciaram a decisão do Credit Suisse de reduzir os preços-alvo de Tyson e Smithfield os preços das carnes de frango e suína no mercados interno e as dificuldades enfrentadas nas exportações, em parte devido à escassez de crédito de importadores de diversos países.
Em sua avaliação, o banco critica a resistência da Tyson Foods em reduzir sua capacidade de produção de frango. Vê com bons olhos, em contrapartida, a conclusão da venda de negócios de carne bovina da Smithfield para o grupo brasileiro JBS, concluída recentemente.
Veículo: Valor Econômico