2021

Os desafios para transformar perdas em ganhos

 

E m todos os tipos de negócios, o desperdício, a falta de controle e organização podem ser fatais e podem falir empresas. E no setor supermercadista não há uma ou outra área específica que precisa de atenção especial, por sua natureza, todas elas necessitam de foco na prevenção. Existem variáveis em toda a operação da loja que fazem com que oportunidades de ganhos, ou melhor, de lucro, fiquem invisíveis e até ameace a saúde financeira do negócio.

Para debater esse tema tão importante para o setor, a ABRAS reuniu especialistas do varejo em seu 9o Fórum de Prevenção de Perdas e Desperdício de Alimentos, realizado no dia 14 de abril, em formato on-line, que discutiram estratégias e soluções de desenvolvimento e a evolução da área no setor. O Fórum também apresentou a 21ª Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro de Supermercados, apurada anualmente pelo Departamento de Economia e Pesquisa da entidade – veja na reportagem a seguir.

Os detalhes da pesquisa foram apresentados pelo coordenador do Comitê de Prevenção de Perdas e Desperdício da Abras, Gernaldo Gomes, acompanhado da subgerente em Prevenção de Perdas do Sonda, Mônica Reimberg; do controller do Condor, Eder Motin; e do gerente de Prevenção de Perdas das Lojas Marisa e ex-coordenador do comitê de perdas da Abras, Carlos Peruzzi.

O 9º Fórum de Prevenção de Perdas foi conduzido pelo vice-presidente Institucional e Administrativo da entidade, Marcio Milan, que destacou que os números e índices apresentados são fruto de um trabalho longo que a ABRAS vem desenvolvendo. “Com eles, é possível identificar os principais problemas que ocorrem e que nos ajudam a fazer uma abordagem sobre cada ponto apresentado, debatendo aspectos tecnológicos, de como a inovação pode contribuir a encontrar caminhos. Em 2020, os números tiveram uma pequena melhora, fruto de um trabalho contínuo e intenso de todos os elos da cadeia”, analisou Milan.

E em sua participação inicial, Gernando Gomes salientou que o fórum da ABRAS proporciona uma oportunidade única para todo o setor, apresenta os indicadores, debates com especialistas, cases inovadores, tendências de mercado. “Tudo isso é fundamental para nós, gestores de perdas, enfrentarmos esses desafios. Tanto esse fórum como o Comitê de Prevenção de Perdas e Desperdício da Abras são pilares fundamentais para gerirmos todo esse processo, gerar ganho e evitar desperdício de alimentos.”

O evento contou com a participação de empresas parceiras como Ambev, Genetec, Gunnebo, Top Sistemas, Total Strategy, Autonomia Total e Vércer.

 

Luta contra o desperdício

 A abertura do evento ficou por conta do presidente da ABRAS, João Galassi, que recebeu o ministro da Cidadania, João Roma. Em seu discurso, Galassi lembrou do momento delicado que o Brasil está passando, se solidarizou, em nome da entidade e de todos os supermercadistas do Brasil, com todas as famílias que perderam seus entes queridos para a covid-19. Agradeceu os profissionais de prevenção de perdas, especialmente as mulheres que estão à frente dessa área tão relevante para o setor supermercadista.

 O presidente da Abras falou também da importância do trabalho do ministro João Roma, responsável pela pasta social do País, destacando a importância do diálogo entre o setor e o governo federal para auxiliar no desenvolvimento de ferramentas que possam evitar o desperdício de alimentos no Brasil. Destacou, ainda, a importância da cadeia do abastecimento, que teve papel fundamental, desde o início da pandemia, em abastecer a população brasileira com segurança.

Na sequência, o ministro João Roma iniciou seu pronunciamento elogiando a iniciativa do Fórum da Abras por abrir espaço para discutir temas de grande relevância, e ressaltou o desafio da desigualdade social histórica do Brasil, que segundo o ministro, foi agravada pela pandemia. “O Brasil, por sua diversidade e desigualdade histórica, tem sofrido ainda mais que outros países, significa também um grande impacto na subsistência dos mais vulneráveis, dos brasileiros mais pobres”, ponderou Roma. Ele ressaltou a necessidade de uma parceria do governo federal com o setor terciário para superar dilemas como o desperdício de alimentos e falou do empenho do Ministério da Cidadania em desenvolver ações para auxiliar os mais vulneráveis.

“Olhando, de maneira ampliada, para todo o processo do quesito segurança alimentar é, sem dúvida nenhuma, um compromisso de todos para que consigamos avançar nessa pauta e que seja possível diminuir esses desperdícios muitas vezes gerados por quesitos burocráticos, por incongruências legais, geradas por outras óticas, mas que são pouco aplicáveis na realidade do dia a dia.” O ministro acrescentou ser muito importante que um país como o Brasil, com tantas potencialidades, que tanto produz, que enxergue também no setor terciário, que tanto emprega, um parceiro para superar alguns dilemas históricos, entre eles o desperdício. “E para isso é necessário encontrarmos alternativas, especialmente em meio a uma pandemia tão severa, que dificulta tanto a vida dos brasileiros.

“Temos, sim, que estabelecer esses debates de maneira perene, fluida, de maneira efetiva e eficaz para que possamos chegar a entendimentos para superar algumas agendas.”

 

Perdas no canal on-line

Muito se fala na prevenção de perdas nas lojas físicas dos supermercados, mas, com a acelerada escalada das operações digitais das empresas do setor, é preciso também lançar um olhar sobre as perdas geradas no e-commerce. Com base na sua missão de trazer os mais atuais temas, conceitos, reflexões e boas práticas de prevenção de perdas, a ABRAS trouxe essa pauta para dentro do seu fórum.

Para isso, convidou o Chief Risk Officer (CRO) do Carrefour, Jerome Mairet, que falou de que maneira a companhia enxerga e lida com os desafios das perdas provenientes das operações on-line. “No varejo, de uma forma geral, a gente tem um bom conhecimento da abordagem de prevenção de perdas nas lojas físicas. No e-commerce, estamos encontrando uma nova forma de trabalhar prevenção de perdas totalmente diferente. A gente não atua na prevenção de perdas no chão de loja, mas atrás do computador usando dados”, destacou o executivo.

Com o advento das vendas digitais, surgiram, naturalmente, novos desafios em perdas, como em meios de pagamento, conforme exemplificou Jerome Mairet. “No e-commerce, cada análise de risco malfeita pode causar muito impacto no resultado financeiro”, observou. “O pós-venda é outra etapa delicada. Um ponto que merece atenção particular é o risco da logística reversa. No e-commerce, o desvio de perdas pode ser muito violento se o estoque não está totalmente sob controle.”

Acesse aqui a cobertura completa do evento na edição de Maio/21 (14 MB)