2018

Abras mobiliza o setor contra as perdas de alimentos

Mais de 300 supermercadistas estiveram presentes no VI Fórum de Prevenção de Perdas e Desperdício de Alimentos, realizado pela Abras no dia 15 de agosto. O evento aconteceu na sede da própria entidade, em São Paulo, e teve o objetivo de discutir os caminhos para que o setor possa combater este grande desafio e de compartilhar conhecimento que auxilie os supermercados nesta missão. Durante o encontro, também foram apresentados os resultados da 18ª Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro de Supermercados, feita pela Abras (veja matéria sobre o estudo).

O superintendente da entidade, Marcio Milan, iniciou a agenda do dia destacando que as perdas, além do impacto financeiro para o setor, também gera impacto para toda a sociedade em função da grande quantidade de alimentos que é desperdiçada. Ele relembrou, também, que este encontro esteve apoiado sobre os três pilares que regem a atuação da Abras, que são a comunicação, a educação e a transparência. “Por meio da educação acreditamos que podemos combater o desperdício. 

Por isso, precisamos falar sobre este assunto, de forma clara, porque somos capazes de resolver esse problema”, afirmou o superintendente. Além disso, Milan reforçou que a Abras sempre esteve comprometida em debater a problemática das perdas nos supermercados. Ele exibiu, inclusive, a primeira edição de SuperHiper, publicada em abril de 1975, que trouxe um artigo sobre o tema, evidentemente alinhado com os conhecimentos e ferramentas que se tinha naquela época. “É interessante notar o quanto evoluímos nesta pauta”, pontuou.

Na sequência, antes de iniciar as palestras, o consultor da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead) do governo federal, Vitor Correa, foi convidado para dar uma palavra sobre o recém-assinado protocolo de intenções com a Abras, cujo objetivo é incentivar os pequenos agricultores. Segundo Correa, há cerca de 3,5 milhões de famílias que integram a chamada agricultura familiar e cerca de 600 mil delas estão organizadas em cooperativas. “Com essa parceria com os supermercadistas, o objetivo é estimular uma comercialização direta, com menos intermediários. 

Queremos uma relação ganha-ganha, na qual o produtor possa ganhar um pouco mais nesse processo, o consumidor possa adquirir o produto num custo menor e o possa vender mais”, afirmou o consultor.

Consciência sustentável

Após essa abertura, a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Rejane Pieratti, subiu ao palco para destacar que a pauta de perdas e desperdício de alimentos faz parte dos “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, uma agenda mundial adotada durante a Cúpula Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em setembro de 2015, composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030. “Até lá, a meta é reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial”, lembrou.

A secretária também falou da contribuição dada pelo Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), do MMA, que direciona o Brasil para padrões mais sustentáveis de produção e consumo, e da instituição da “Semana Nacional de Conscientização da Perda e Desperdício de Alimentos”, fruto da Portaria 161, assinada em maio pelo ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, que prevê a sua realização na quarta semana de outubro.

Neste ano, excepcionalmente, por causa das eleições, ela acontecerá entre os dias 5 e 11 de novembro. O referido movimento contará com ações e encontros em Brasília e em todos os estados brasileiros, por meio das secretarias municipais e estaduais do Meio Ambiente e também de entidades como o Sebrae e a Abras. “O objetivo é mobilizar governos, empresas e organizações da sociedade para divulgar mensagens de sensibilização sobre o problema”, explicou Rejane.

Em seguida, quem assumiu a palavra foi a diretora da Chapman Consulting, Sonia Karin Chapman, que defendeu a importância da sustentabilidade na produção e no consumo de alimentos e da necessidade de ações conjuntas para enfrentar o problema do desperdício. “Hoje estamos aqui, juntos, porque estamos dispostos a resolver algo que será bom para todos. Temos que revisar nossos hábitos de extração, de produção e de consumo.

É necessário, para isso, ter cada vez mais competência para dialogar e para identificar as necessidades dos diferentes elos. Temos, também, que ter uma atitude mais integradora e a consciência de que todos nós somos responsáveis por tudo que está acontecendo”, ressaltou a especialista.

Exemplos e inspiração

Como não poderia faltar, o fórum da Abras também trouxe alguns cases de redes supermercadistas que estão engajadas no combate contra as perdas e desperdício de alimentos. Um deles foi relacionado ao Carrefour. Em janeiro deste ano, o presidente global e CEO do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, anunciou o plano estratégico de reorganização da empresa, que ganhou o nome de Carrefour 2022. Uma das principais missões é tornar a varejista francesa a líder mundial da transição alimentar para todos. “Isso significa que a gente quer colocar, nas nossas gôndolas, produtos mais saudáveis, mais sustentáveis e com mais qualidade. 

Isso tem tudo a ver com o nosso engajamento no combate ao desperdício de alimentos”, explicou a coordenadora de Sustentabilidade do Carrefour Brasil, Pauline Fabre. Ela enumera algumas iniciativas realizadas pela companhia, como a parceria com o projeto Mesa Brasil, pelo qual são doados produtos que não tem condições de venda, mas ainda estão próprios para o consumo. A rede também oferece degustação de sucos e outros produtos que estão fora dos padrões estéticos ou são itens maduros para os clientes. Outro exemplo é o repacking de itens que acabam ficando “soltos” e perdendo o valor para os clientes, como alho e banana.

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