Gelatina reduz preço, mas perde para chocolate

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A inflação registrada na primeira metade do ano provocou um efeito devastador nas vendas da maioria dos alimentos considerados supérfluos. Entre janeiro e julho deste ano, segundo a Nielsen, o preço do petit suisse cresceu 5,6%, o que fez o volume consumido cair 9,2%; a tabela do sorvete aumentou 1,6% e as vendas recuaram 2,4%; o consumo de biscoito, que já vinha perdendo espaço desde o ano passado, recuou ainda mais 1,1% nos primeiros sete meses do ano, depois do preço do pacote subir 2%.
 

 
A lógica que domina o bolso do consumidor - redução no ritmo de compras quando o preço sobe - não funciona, no entanto, para a categoria de "sobremesas em pó", que engloba gelatinas, flans e pudins, que este ano remarcou para baixo, em 1,3%, o preço dos itens, e mesmo assim viu o consumo despencar 8,3% em volume e 9,2% em valor. Para fabricantes como a Dr. Oetker, que tem a gelatina como carro-chefe, soou o alarme de que está mais do que na hora de se mexer.
 

 
A empresa alemã tenta ressuscitar a categoria com uma campanha de R$ 15 milhões, que estréia dentro de duas semanas, com foco no público infantil. As crianças são as maiores consumidoras de gelatina, produto que responde por cerca de 85% do volume da categoria "sobremesas em pó", responsável por vendas de R$ 318,8 milhões no ano passado.
 

 
Mas tudo indica que o fácil acesso ao chocolate, cujo preço caiu 2,5% entre janeiro e julho deste ano, tem ganhado a briga com a gelatina: o consumo do doce à base de cacau foi um dos poucos a crescer no período, com aumento de 2,9% em volume. Ainda assim, o preço médio da unidade de gelatina (R$ 1) é menos da metade do quanto custam 100 gramas de chocolate para o consumidor (R$ 2,20).
 

 
"É natural que, com o aumento do poder de compra, o consumidor migre para produtos mais elaborados", diz Cláudia Rocha, gerente de marketing da Dr. Oetker. "Por isso vamos chamar a atenção para a categoria, que não tem recebido muita inovação ultimamente", afirma a executiva. A campanha Zoobremesas, com foco no público infantil, oferece uma mochila em formato de bicho em troca de R$ 8 mais cinco embalagens.
 

 
A fabricante alemã também colocou agora no mercado uma versão exclusiva para bebês, a linha "Minha Gelatina", que será promovida em consultórios de pediatria. "É um produto enriquecido com polpas de frutas e de vegetais", diz Cláudia. A linha será oferecida nas gôndolas ao lado das papinhas, diz ela.
 

 
A Dr. Oetker é a segunda colocada em vendas de gelatinas, só perdendo para a marca Royal, da Kraft. A categoria no Brasil é disputada por outras marcas como Yoki, Frutop (da Ducoco), Da Barra e Sol (da J.Macedo). Para as empresas, a gelatina compensa, porque trata-se de um item que envolve baixo custo de produção e oferece boa rentabilidade - margem de 50%, segundo estimativas.
 

 
Já a Sol, da J. Macedo, pretende colocar um time de promotores nos pontos-de-venda no próximo verão oferecendo receitas com gelatina. Além disso, quer promover o produto no Nordeste, que responde apenas por 6,4% do consumo nacional. Jumar Pedreira, gerente de marketing da J. Macedo, acredita que esse hábito pode mudar. "Há muito potencial para crescer na região", diz.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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