Em crise, Parmalat vende a Poços de Caldas

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Menos de cinco meses depois de comprar a Poços de Caldas da Danone, o fundo de investimentos Laep, controlador da Parmalat, anunciou a venda empresa para a Laticínio Morrinhos. Controlada pelo GP Investimentos, a goiana Morrinhos pagou R$ 50 milhões pela marca e pela fábrica de requeijão, mesmo valor que havia sido pago pelo Laep em abril. A transação inclui o direito de uso da marca "Paulista" no Brasil, Bolívia e Paraguai, para comercialização e produção de requeijão, pelo prazo de 15 anos. O requeijão Paulista também havia sido comprado da Danone em abril.

 

Com sede nas Bermudas, o fundo Laep abriu capital na Bovespa em outubro do ano passado, mas os papéis (BDRs) nunca decolaram. Só este ano, os BDRs acumulam uma desvalorização de 87,68%. Há cerca de 15 dias, ao anunciar mais um prejuízo trimestral - de R$ 73,3 milhões no segundo trimestre - o controlador do Laep, Marcus Elias, declarou que iria adotar uma série de medidas para estancar as perdas. Além da venda de ativos, estão previstos demissões e fechamento de fábricas. A empresa espera obter, com a reestruturação, uma economia de R$ 15,8 milhões já no segundo semestre.

 

O Laep também desagradou investidores ao não cumprir com o prospecto de sua oferta inicial (IPO) na Bovespa. Pelo prospecto, o fundo deveria destinar R$ 286 milhões, pouco mais da metade dos R$ 477 milhões levantados no IPO, para a Integralat, subsidiária responsável pela produção de leite. No entanto, apenas R$ 80 milhões foi para a Integralat, e o restante para aquisições. Nesse cenário, alguns investidores, como o fundo Gavião, estão deixando o negócio.

 

Sexta maior empresa de laticínios do País, a Morrinhos foi adquirida pelo GP em abril, por R$ 308 milhões. A empresa, que comercializa a marca Leitbom, possui sete unidades industriais - cinco em Goiás, uma no Pará e outra em Tocantins. Essa é a primeira aquisição feita pela Morrinhos sob a gestão do GP.

 

MUITA OFERTA

 

Depois de anos operando na lanterna do agronegócio, o mercado de leite começou a atrair a atenção dos investidores no ano passado. O preço pago ao produtor chegou a R$ 0,71 o litro em 2007 - contra uma média anual de R$ 0,56 no ano anterior - e as perspectivas para o Brasil se transformar em um exportador de leite eram boas. "Foi uma fase que chamou muito a atenção de investidores", diz a consultora Cristiane Turco, da Scot Consultoria de Agronegócio. "Mas agora estamos entrando em uma fase de queda nos preços."

 

A explicação está no excesso de oferta. "Foi um ano de muitos investimentos e a indústria está bastante estocada", afirma. "A produção aumentou, mas o consumo não reagiu." Além disso,diz a consultora, as exportações não decolaram. "O Brasil exporta menos de 5% da produção. E os preços no mercado internacional exterior recuaram."

 

Internamente, o preço preço pago ao produtor nos oito primeiros meses do ano (R$ 0,737) está acima do fechamento do ano passado. Mas nos últimos dois meses o preço começou a cair. Houve recuo de 5,4% em agosto e de 2% em julho.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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