O mercado de carnes vai se ajustar a um novo patamar de preço, bem abaixo do praticado hoje, segundo Cesário Ramalho da Silva, presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira). Com a crise, que escasseou o crédito aos russos -maior comprador individual da carne brasileira- os negócios entre Brasil e Rússia serão comprometidos.
Nos portos russos já há contêineres parados pois o país está sem recursos para quitar as parcelas restantes dos carregamentos que já foram entregues nos portos, diz Silva. "Quando o comprador busca crédito bancário para tirar a mercadoria do porto, não consegue."
Segundo Silva, os russos já começaram a pedir descontos e ameaçaram cancelar contratos. Na Sial, uma das maiores feiras de alimentos do mundo, que ocorreu no fim de outubro, em Paris, Silva afirma que os descontos pedidos circulavam em torno de US$ 1.500 por tonelada, sendo que hoje o valor da medida é de cerca de US$ 3.500 -antes do aprofundamento da crise, o valor praticado era de cerca de R$ 4.000. Mas os descontos ainda não foram aceitos. "Foi uma feira sem negócios. Isso significa que o mercado internacional de carnes está em busca de um novo patamar, mais baixo."
Silva diz que as informações de que frigoríficos brasileiros estão reavaliando seus investimentos e dando férias a funcionários acentuam incertezas no setor. "Se isso se espalhar para mais países importadores e frigoríficos vai afetar a demanda e os pedidos de entrega, e atingir o preço pago ao pecuarista."
Veículo: Site Ave World