As exportações de carne bovina do país somaram 195.987 toneladas (equivalente-carcaça), ou 124.538 toneladas líquidas, e renderam US$ 549,516 milhões em outubro, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Em relação a setembro, o volume embarcado caiu 0,3%, mas o valor das vendas aumentou 3%. Na comparação com outubro do ano passado, o volume diminuiu 7,2% e a receita registrou incremento de 33,9%. Carol Carquejeiro/Valor
Tendo em vista a crise financeira irradiada a partir dos Estados Unidos e seus reflexos em diversos países e setores da economia, disse Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Abiec, os resultados foram satisfatórios, "até surpreendentes". Exceto no caso da Rússia, afirmou, os embarques estão regulares para os principais mercados e os preços seguem firmes. "Até agora não vimos sinais da crise nas estatísticas", disse ele.
Os frigoríficos exportadores comemoraram principalmente a manutenção da tendência de valorização dos cortes embarcados. Em outubro, a alta sobre o mesmo mês de 2007 foi de, em média, 44,4%. Especificamente para as carnes in natura, que representam cerca de 80% das vendas externas, a variação positiva dos preços médios foi de 43,27%. Para as carnes industrializadas, a alta foi de 47,08%, e no caso das miudezas, chegou a 66,4%. Em volume, houve queda de 15,43% nas vendas de carnes in natura, mas elevações de 7,92% nas carnes industrializadas e de 47,86% para as miudezas.
Nesse contexto, a Abiec voltou a lamentar, as limitações impostas pela União Européia por conta de divergências em relação ao sistema federal de rastreabilidade de bovinos. Berço dos melhores preços e mercado mais lucrativo para os exportadores brasileiros, a UE restringiu, em janeiro, a menos de 100 o número de fazendas habilitadas a produzir carne exportável ao bloco, e vem ampliando esse número em doses homeopáticas, nitidamente de acordo com as suas necessidade para atender à demanda de seus consumidores.
Giannetti da Fonseca lembra que parte das perdas foi compensada pela diversificação de mercados de exportação - países emergentes (inclusive a problemática Rússia) ocupam as nove primeiras posições no ranking dos principais destinos da carne bovina brasileira no exterior. E realça que já há 560 fazendas habilitadas para vender à UE, número que poderá aumentar para 700 até dezembro e pelo menos dobrar no ano que vem. "Estamos recuperando a Europa, que agora quer cadastrar mais fazendas brasileiras", disse o dirigente.
De janeiro a outubro de 2007, a UE importou 359 mil toneladas de carne bovina brasileira, ou 65% do que que comprou no mercado externo. Até outubro deste ano, foram menos de 80 mil, ou cerca de 20% das importações européias totais. "Um desastre", afirmou em entrevista coletiva concedida em São Paulo. A partir da retomada total, estimou, é possível que o valor das exportações totais do segmento aumentem até 20% em 2009.
Para 2008, apesar da Rússia - o volume de vendas de carne in natura caiu 41,66% em outubro em relação ao mesmo mês do ano passado, sobretudo por conta de problemas de crédito dos importadores que já estão menos graves -, Giannetti da Fonseca acredita que os embarques renderão, no total, US$ 5,7 bilhões (2,2 milhões de toneladas equivalente-carcaça), ante US$ 5 bilhões previstos no início do ano e os US$ 4,5 bilhões de 2007. Também para o ano que vem a Abiec espera mais abertura nos EUA e crescimentos para países como China, Coréia do Sul e Chile.
Veículo: Valor Econômico