Por Beth Koike | De São Paulo
Em meio às discussões sobre o futuro do livro em papel, a Saraiva apresentou ontem ao mercado o seu leitor digital. Batizado como Lev, o dispositivo desenvolvido em parceria com a francesa Bookeen chega para concorrer com o Kindle, da Amazon, e o Kobo, vendido na Livraria Cultura. Os leitores digitais das três marcas são importados e vendidos com preços a partir de R$ 299.
A investida da Saraiva em leitores digitais tem um caráter mais estratégico do que concorrencial. O mercado brasileiro de leitor digital é pouco expressivo, em volume, tendo em vista a concorrência com tablets e aparelhos similares vendidos fora do país a um preço muito menor. Mas com a perspectiva de que o livro em papel está com os dias contados é estratégico para a Saraiva ter seu próprio dispositivo para que seus clientes apenas migrem para o digital e não para a concorrência.
"O conteúdo digital é um caminho sem volta e enxergamos o leitor como uma extensão da leitura", disse Michel Levy, novo presidente da Saraiva. Anteriormente, Levy era presidente da Microsoft Brasil.
Questionado se a varejista pretende desacelerar a expansão de lojas físicas com o aumento dos livros digitais, Levy informou acreditar numa expansão no número de leitores. O executivo destacou que a abertura de novas lojas passa por algumas limitações porque a varejista já tem 114 unidades distribuídas em várias regiões do país, mas que vem busca novos canais de venda como as livrarias em aeroportos.
O Lev é vendido em dois modelos nas lojas e site da Saraiva e também no Walmart.com, com preços entre R$ 299 e R$ 479. A companhia não informou a expectativa de vendas, nem o investimento feito no leitor, que demandou um ano de desenvolvimento.
O leitor digital da Saraiva dá acesso a 450 mil obras estrangeiras e 30 mil títulos em português. Do total de livros nacionais, 3 mil são da editora Saraiva e o restante das demais casas editoriais. "Hoje, 80% dos principais títulos são lançados também na versão digital. O preço médio do e-book é R$ 18, cerca de 30% inferior ao impresso", disse Deric Guilhen, diretor de produtos digitais da Saraiva. Guilhen informou ainda que o aplicativo para celular da Saraiva para leitura de livros alcançou a marca de 4,6 milhões de downloads.
Veículo: Valor Econômico