O empresário Ricardo Nunes, proprietário da Ricardo Eletro, que é uma das cinco maiores redes de varejo do Brasil, está investindo na abertura de mais oito lojas neste mês no Rio de Janeiro, com as quais ampliará para 26 o número de casas naquela capital. Com a iniciativa, a empresa terá 255 lojas em dez estados brasileiros e o empresário espera mostrar que sua rede de lojas não está à venda, mas interessada na aquisição de concorrentes menores e manter o ritmo dos negócios. Para este ano, a Ricardo Eletro espera faturar R$ 2 bilhões, crescendo em torno de 30% em relação ao ano passado, quando obteve faturamento de R$ 1,5 bilhão.
Diante de um cenário promissor para sua rede de eletrodomésticos, o empresário acha estranho os boatos publicados na imprensa de que a companhia estaria sendo vendida para o Pão de Açúcar, pois nunca foi procurado pelo grupo do empresário Abílio Diniz. Nunes esclareceu que tem sido procurado, sim, por grandes fundos de investimentos estrangeiros, sobretudo norte-americanos, interessados em participar do crescimento do seu empreendimento. "Tenho apenas 38 anos, dos quais 19 anos dedicados ao trabalho com minhas lojas. Ainda tenho muito para crescer", declarou.
Surpreendentemente, amigos e fornecedores mais próximos do empresário dizem que o fato de ainda ser muito jovem é a causa que o estaria levando a repensar a vida e também a se afastar das atividades empresariais. "Ricardo Nunes trabalha pelo menos 12 horas por dia e é um administrador centralizador que assina todos os cheques" , diz um de seus amigos que pediu para não ter o nome publicado. E mais: "Ele está muito rico e já comentou que foi com os mesmos 39 anos que o pai morreu de enfarte".
Nunes reconheceu que está realmente preocupado com o seu excesso de trabalho e que necessita diminuir o ritmo para usufruir um pouco do imenso patrimônio que amealhou nessas quase duas décadas à frente da sua rede. " Claro que se não desfrutar desse patrimônio, alguém o fará em meu nome", comentou. O empresário tem duas filhas adolescentes, época em que todas as garotas do mundo começam a namorar e surgem os candidatos a genro nas famílias.
Esse desejo de parar, no entanto, parece ser apenas um devaneio filosófico, sem nenhum amparo na vida real. Recentemente o empresário madrugou para abrir as portas do novo centro de distribuição (CD) em Contagem, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. Às 9h, Nunes comandava um mega saldão de vendas para o consumidor. Todos os tipos de mercadoria estavam em liquidação, como geladeiras, máquinas de lavar, televisores e computadores. Além do novo CD, a empresa tem outros quatro distribuídos pelos estados em que atua.
Segundo estimativas de consultores do ramo, com a venda de 110 mil celulares e mais de 20 mil geladeiras por mês, a Ricardo Eletro comercializa mais eletrodomésticos que todas as lojas de países como o Uruguai ou da Bolívia. Ricardo Nunes descartou interesse em disputar de imediato os consumidores da região metropolitana de São Paulo. Disse que ainda há muito espaço para ser ocupado no Rio de Janeiro e suas cidades satélites, onde pretende abrir um total de 90 lojas. Segundo sua avaliação o custo de propaganda, um item fundamental para a promoção de vendas, é muito alto e essa despesa necessita ser diluída por um número maior de lojas. "O custo de um anúncio na televisão ou no jornal é o mesmo, tenha a minha empresa dez ou 90 lojas", declarou
Veículo: Gazeta Mercantil
