Fusão de Raia e Drogasil agrada analistas

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Apesar das dúvidas sobre os termos do negócio, a disparada das ações de Drogasil e Raia na bolsa já mostra que o mercado recebeu positivamente uma possível associação entre ambas.

 

Na semana, os papéis da Drogasil sobem 20,3% e os da Raia têm alta de 7,8%.

 

Em relatório, os analistas Marcel Moraes e Antonio Gonzalez, do Credit Suisse, destacam que o mercado ainda não consegue estimar qual será a relação de troca estabelecida entre as ações das duas companhias. Além disso, não se sabe quando o negócio será fechado, quais executivos ficarão na gestão e os valores de absorção de sinergias.

 

Nas estimativas do banco, considerando os valores atuais de mercado, os grupos controladores de Drogasil e Raia teriam fatia de 44% na nova companhia. A nova empresa terá fortalecido seu poder de competição em São Paulo e na região Sudeste.

 

O BTG Pactual aponta que as vendas da nova empresa, conforme os dados de 2010, serão de R$ 3,9 bilhões. Esse valor é 72% superior ao obtido pela atual líder de mercado, a Drogaria São Paulo. A empresa resultante da associação contará com 696 lojas em oito Estados brasileiros. A fatia de mercado deverá ser de 17% em São Paulo e de 8,4% em âmbito nacional.

 

Na visão de Frederico Oliveira de Castro, analista da Perfin Investimentos, as duas redes são complementares. Apesar de haver sobreposição em São Paulo, em particular, a Raia tem presença no Paraná e no Rio Grande do Sul, regiões que não contam com a Drogasil. Por sua vez, a Drogasil já se expandiu para Goiás e Distrito Federal, onde a Raia não está.

 

O analista Fabio Monteiro, do BTG, informa que a sobreposição de lojas das duas redes, pelo critério de menos de um quilômetro de distância, pode alcançar 130 unidades. No entanto, ele avalia que a estratégia mais inteligente será manter as duas marcas em São Paulo, para que as vendas por metro quadrado sejam mantidas nos mesmo níveis.

 

Castro, da Perfin, lembra ainda que a Raia tem indicadores de venda por metro quadrado menores que a Drogasil e, com a associação, poderá melhorar a sua eficiência, com gestão de estoques para reduzir perdas e melhorar os seus preços.

 

Já para a Drogasil, diz, esta é uma oportunidade de buscar novas frentes de crescimento.

 

O BTG estima sinergias anuais entre as empresas de R$ 62 milhões, o que representa 28% do Ebitda combinado das duas estimado para 2011. O banco também destaca ganhos de margem, por conta do maior poder de barganha com os fornecedores e da menor exposição aos distribuidores.

 

Para o mercado, o fato de a Raia ter entre seus acionistas fundos de participações - Pragma e Gávea - auxilia na visão e estruturação do negócio.

 

Para algumas fontes, após movimentações recentes do mercado, as ações das companhias alcançaram preço justo, o que viabilizou o estreitamento das conversas.

 

De um lado, as ações da Raia subiram porque, com os recursos captados na oferta inicial, ela conseguiu mais poder na negociação com fornecedores. Já as da Drogasil, após resultados que trouxeram desaceleração nas vendas e pressão nas margens, tiveram quedas recentes e, por conta disso, sobem mais no acumulado da semana.

 

Além disso, o mercado lembra que, em dois pregões de abril, um dos integrantes da família fundadora da Drogasil, Carlos Pires Oliveira Dias, reduziu em 5,3% sua participação na empresa, com vendas de ações em leilões na bolsa.

 

Por conta das operações, ele passou a ter 30,3% na companhia - 20,9% em seu nome e 9,4% via Regimar Comercial. O preço médio dessas vendas foi de R$ 12,40, que passou a ser visto pelo mercado como um sinalizador de preço para a Drogasil, uma vez que foi o valor pelo qual o controlador concordou com a venda. Desde as operações, o papel nunca mais superou esse patamar.

 


Veículo: Valor Econômico


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