Fracassa plano do Aché de se unir com a inglesa Glaxo para crescer

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O laboratório Aché passa por um período de "inferno astral", o que poderá comprometer o projeto de expansão da companhia. Depois de deixar escapar a Mantecorp para a Hypermarcas no fim do ano passado, as negociações para a formação de uma joint venture entre a farmacêutica nacional e a inglesa GlaxoSmithKline (GSK), que estavam bem adiantadas, também naufragaram, segundo fontes familiarizadas com essa operação.

 

Considerada estratégica para as duas empresas, essa parceria daria maior robustez ao laboratório nacional, que está há alguns meses à procura de um investidor de peso para expandir seus negócios no país. A multinacional, que também tinha feito proposta para levar a Mantecorp, pretende ampliar sua atuação no Brasil, sobretudo na área de medicamentos de prescrição médica, segmento no qual o Aché tem uma participação relevante.

 

Ao Valor, o presidente da GSK no Brasil, Cesar Rengifo, disse que a farmacêutica mantém forte interesse no Brasil, mas não comentou a operação com o laboratório nacional. Procurado, o Aché disse que não iria comentar o assunto.

 

"Os planos da Glaxo no Brasil são bem maiores. Não interessa à multinacional ter uma participação minoritária em uma empresa. As negociações devem ter esbarrado nesse quesito", afirmou uma fonte do setor. O Aché também tem interesse em avançar em medicamentos genéricos, segmento que não está nos planos de crescimento da GSK no país.

 

Com uma estratégia de expansão bem definida dentro e fora do país, o Aché também estava se preparando para ir à Bolsa. Os executivos da farmacêutica chegaram a fazer no início deste ano apresentações a investidores, com planos de negociar entre 20% e 25% das ações da companhia. Mas, um novo revés, desta vez pelas condições desfavoráveis do mercado de capitais, levou a farmacêutica a abortar essa decisão temporariamente, segundo uma fonte familiarizada com a operação.

 

Considerado um ativo atraente para as multinacionais, o Aché não tem interesse em se desfazer do seu controle. A farmacêutica pertence às famílias Dellape Baptista, Siaulys e Depieri, que fizeram uma reorganização societária, com a criação de três Fundos de Investimento em Participações (FIP) - um para cada uma das famílias que compartilham o controle da companhia.

 

Com faturamento líquido de cerca de R$ 1,5 bilhão em 2010, a farmacêutica engrossou nos últimos anos o movimento de consolidação do setor. Em 2003, o laboratório incorporou a alemã Asta Médica do Brasil. Mas foi em 2005 que o grupo deu seu maior salto, com a compra da Biosintética Farmacêutica, que possibilitou à companhia entrar no segmento de genéricos - hoje os produtos são vendidos sob a marca comercial Genéricos Biosintética. No ano passado, a empresa adquiriu 50% da Melcon, de Anápolis (GO).

 

Fundada em 1966, a farmacêutica conta com dois complexos industriais, um em Guarulhos (Grande São Paulo) e outro na capital paulista, no bairro Jurubatuba. O portfólio da empresa conta com 250 marcas em cerca de 600 apresentações de medicamentos sob prescrição, genéricos e isentos de prescrição. A empresa, terceira maior nacional em receita, ainda é pequena em genéricos.

 

Veículo: Valor Econômico


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