Os países emergentes já passaram a representar neste primeiro semestre 44% das vendas do grupo francês Casino, sócio do Pão de Açúcar, contra 38% no fim do ano passado. Foram justamente esses mercados, na América Latina e na Ásia, que permitiram a forte progressão de 18,8% do faturamento da varejista francesa nos primeiros seis meses do ano, que atingiu € 16,1 bilhões.
As vendas internacionais aumentaram 41%, impulsionadas pela integração das Casas Bahia no Brasil (que representou uma contribuição de € 240 milhões aos resultados do Casino) e pela consolidação das operações na Tailândia que haviam sido compradas do Carrefour. Essas operações contribuíram com 26,8% para o crescimento.
"A performance do grupo no primeiro semestre demonstra a eficácia de seu modelo econômico. Nosso perfil de crescimento foi reforçado pela maior participação nos países emergentes, com redes líderes, e também pelo mix de atividades favoráveis na França", afirmou o presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, se referindo à estratégia na França voltada para os supermercados de bairro, as lojas de descontos e a venda on-line de produtos não-alimentares.
No Brasil, as vendas aumentaram 61,5% no segundo trimestre (em relação ao mesmo número de lojas nesse período em 2010 o crescimento foi de 11%). O Casino também aposta no desenvolvimento rápido de suas atividades na Colômbia, onde o faturamento da filial Exito subiu 21% no segundo trimestre. O grupo francês abriu 24 lojas no país nos primeiros seis meses do ano.
Na Ásia, onde o grupo está presente na Tailândia e no Vietnã, as vendas cresceram 10,3% no segundo trimestre (e 47,5% no semestre). No Vietnã, o faturamento explodiu, com aumento de 52,2%, impulsionado pela abertura de cinco hipermercados no fim de 2010.
Na França, único país desenvolvido onde o Casino está presente, as vendas também aumentaram, mas a performance foi bem diferente: o crescimento no primeiro semestre foi de 5,9% (se levado em conta o mesmo número de lojas no mesmo período do ano passado, o aumento foi de 3,7%).
Na apresentação dos resultados aos investidores ontem, em Paris, Naouri comemorou a conquista, apesar da conjuntura econômica, de 0,2 ponto de fatia de mercado na França, que atinge agora 13%, segundo a Kantar Worldpanel. O Carrefour lidera com 22%.
Naouri afirmou que espera ampliar a fatia das vendas do Casino na França reforçando ainda mais a rede de supermercados de bairro e também sua filial de lojas de descontos, a Lider Price.
A performance das vendas do Casino neste primeiro semestre na França, mercado que está em crise, foi bem superior à obtida pelo pelo rival Carrefour, que registrou queda de 0,4%, considerando o critério "mesmas lojas" e taxas de câmbio constantes.
Mas se por um lado o desempenho das vendas foi positivo mesmo na França, o lucro líquido do Casino caiu quase 23% no semestre, atingindo € 134 milhões.
Vários fatores explicam a queda do lucro: a diminuição das margens, causada pela redução nos preços dos produtos no ano passado (para encorajar o consumidor a comprar) e a alta dos preços dos fornecedores, encargos fiscais excepcionais na Colômbia e o aumento das despesas financeiras de sua dívida, que aumentou com a compra das operações do Carrefour na Tailândia e os recentes aumentos de participação no capital do Pão de Açúcar.
No esforço de reduzir a dívida financeira, de € 6,8 bilhões no primeiro semestre, Naouri afirmou que o Casino vai obter mais de € 1 bilhão com um programa de cessão de ativos imobiliários este ano. A previsão divulgada em novembro era de atingir € 700 milhões.
"Nosso modelo de desenvolvimento permite confirmar nosso objetivo de aumento anual de progressão do faturamento superior a 10% nos próximos três anos e conservar uma estrutura financeira sólida", disse Naouri. O Brasil, claro, é um aliado fundamental para concretizar esse desempenho.
Veículo: Valor Econômico