Padarias precisam de mão de obra qualificada

Leia em 5min 30s

O setor de panificação no Brasil tem dois grandes problemas para solucionar este ano: a falta de mão de obra e o excesso de tributos para abertura de novas unidades são dois dos problemas encontrados nas sete cidades do ABC. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), Alexandre Pereira Silva, a mesma problemática é encontrada em todas as regiões do País, não é exclusividade do ABC Paulista. "Hoje, nós temos um déficit no Brasil de cerca de 3 mil postos de trabalho no ABC. Faltam empregos com qualificação. O setor é um grande empregador do chamado primeiro emprego, mas falta qualificação", diz, e completa: "Encontramos um grande gargalo, que segura o crescimento".

 

De acordo com os dados do Sindicato das Panificadoras (Sindipan), o ABC hoje conta com 900 padarias, que fazem parte de um dos setores mais promissores da economia local. "A importância econômica das sete cidades juntas também aparece no setor de panificação, porque nelas há cerca de 900 padarias."

 

Para acompanhar esse crescimento a Padaria Brasileira, a maior rede da região, ampliou sua matriz, localizada em Santo André. De acordo com Antônio Henrique Afonso Júnior, um dos sócios da Padaria Brasileira, com a obra a movimentação na unidade deve crescer 20% e incrementar em 7% o faturamento bruto da rede. "O comportamento das pessoas tem mudado muito nos últimos tempos, e como a participação da mulher no mercado de trabalho está cada vez maior, a alimentação fora de casa tornou-se uma necessidade. Por isso, a Brasileira não pode deixar de acompanhar essa tendência", explica Júnior.

 

Hoje a Padaria Brasileira conta com quatro unidades próprias e sete unidades franqueadas, e mais de 1.400 produtos diferentes. Seguindo esta linha, Reinaldo Simões, presidente da rede de Padarias Virgínia, que tem filiais em Mauá e em Rio Grande da Serra, as padarias estão somando valores e agregando novas características para tentar suprir a ausência da mão de obra qualificada. "Passamos a oferecer novos serviços para trazer mais clientes, sem apostar apenas no bom e velho pãozinho", afirmou o executivo, que hoje oferece alguns materiais de higiene, suvenires e refeições.

 

A padaria Virgínia, que existe há 26 anos, faturou R$ 4 milhões em 2010 e espera chegar a R$ 4,5 milhões este ano. "Estamos estudando a abertura de mais uma unidade este ano, em Ribeirão Pires, o que deverá aumentar 25% os nossos negócios", afirmou.

 

Sobre os problemas encontrados hoje em dia para a abertura de padarias, Simões afirmou que as questões tributárias e burocráticas ainda são o principal vilão. "Qualificação nós ainda podemos oferecer com cursos, e especialização, o problema é que com tantos entraves burocráticos e o excesso de taxas não há como preparar novos funcionários."

 

Tributos

 

A carga tributária também é considerada um empecilho na opinião de Silva, presidente da Abip, que afirmou estar em processo de negociação com os governos federal e estaduais para tentar desonerar o pão, tirando o produto da base de cálculo do Simples, que é o imposto unificado para micro e pequenas empresas. Segundo informou Silva, o pão apresentou no ano passado um dos menores índices de aumento de preço -8%-, enquanto o preço da carne subiu mais de 50%. "Não há nenhuma indicação de aumento acima da inflação para os próximos meses."

 

De acordo com dados da Abip, o brasileiro consome, em média, 33,5 quilos de pão por habitante ao ano. Embora nos últimos anos o setor esteja crescendo mais do que outros segmentos, em razão dos serviços diversificados oferecidos pelas padarias e confeitarias, o consumo tem-se mantido estável. "Não estamos conseguindo aumentar o consumo per capita de pão, que está estagnado há quatro anos", disse Silva. Com a desoneração do pão francês, o preço ao consumidor poderá ficar até 5% mais baixo.

 

O número de empregos do setor cresceu 3,4% no ano passado. Em todo o território nacional, são quase 800 mil os postos de trabalho. A perspectiva é de evolução do quadro de empregos. "Se conseguirmos melhorar a capacitação da mão de obra, poderemos ter um crescimento do número de empregos", disse Silva. No ABC o piso salarial de um padeiro fica em torno de R$ 750, e o teto para um confeiteiro é de R$ 3 mil.

 

A Padaria São Judas, em São Caetano, nasceu na Vila Mariana, em São Paulo; há quatro anos veio para o ABC, e hoje conta com duas unidades. "Melhoramos nossa perspectiva de crescimento depois que viemos para o ABC", diz Lúcia Maura Pacheco, gerente da padaria. De acordo com a executiva, a concorrência menor no ABC tem atraído muitos negócios. "O ABC tem uma perspectiva de crescimento maior do que a capital, uma vez que são sete cidades juntas, com clima e poder aquisitivo de metrópole e com mais espaço para trabalhar", afirmou Pacheco, lembrando que a padaria espera crescer 15% em 2011, e faturar R$ 1,8 milhão.

 


Redes apostam em automação para crescer

 

Hoje o Brasil conta com cerca de 64 mil padarias. Para acompanhar o crescimento, os estabelecimentos começam a passar por processos de modernização, investindo em reforma das unidades existentes, além da entrada de serviços de automação. -

 

No ABC não é diferente: no último mês a Padaria Incubus, em São Bernardo, gastou cerca de R$ 50 mil para trazer aos clientes a nova tecnologia. "Implantamos o sistema de automação, que facilitou a comunicação e organização entre a logística e a administração de produtos, além de facilitar a vida do cliente", afirmou Geraldo Ruiz, gerente-geral da panificadora.

 

A empresa espera, este ano, uma alta de 30% dos negócios e do faturamento da unidade, e a expectativa é lançar mais uma padaria até o segundo semestre de 2012. "Ainda estamos estudando a melhor localização e acompanhando de perto o crescimento do setor, mas devemos lançar uma nova unidade", diz.

 

A adoção de novas tecnologias dentro de padarias é uma tendência crescente. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), a perspectiva do setor é crescer este ano entre 10% e 12%. Em 2010, o setor experimentou expansão de 13,7% do faturamento, que alcançou R$ 56,3 bilhões no Brasil.

 

Veículo: DCI


Veja também

Paulistano gasta mais com ração do que com feijão

Fipe atualiza pesquisa usada para calcular a inflação e descobre mudanças no padrão de renda...

Veja mais
BRFoods fecha acordo com Cade

Pelo acordo que deve ser anunciado hoje, a BRF deverá vender até março as plantas industriais e o c...

Veja mais
Eletrodomésticos: Novo selo eleva custo de produção em até 10%

Fabricantes de aparelhos eletrodomésticos de pequeno e médio porte tiveram aumento de custos de até...

Veja mais
Tempo seco favorece colheita de uva

Produtores fazem o escalonamento da poda das videiras para colher no inverno. Em Jales, safra já começou ...

Veja mais
América Latina ajuda resultado da L'Oréal

A L'Oréal, maior fabricante mundial de cosméticos, registrou aumento de 0,9% nas vendas do segundo trimest...

Veja mais
Brinquedos: Lego avança no Norte e Nordeste

Encaixar peças de Lego é uma brincadeira cada vez mais comum no Norte e no Nordeste. No ano passado, enqua...

Veja mais
Unilever reorganiza estrutura e Brasil terá novo presidente

Há mudanças em outros países emergentes como China e Austrália que objetivam deixar grupo ma...

Veja mais
Governo mantém restrição a garrafa chinesa

O governo brasileiro decidiu prorrogar por até cinco anos as restrições impostas à entrada d...

Veja mais
Cúpula do Casino rejeita fusão e faz BNDES e Pactual desistirem

O conselho de administração do Casino provocou uma reação em cadeia que pode malograr de vez...

Veja mais