Cúpula do Casino rejeita fusão e faz BNDES e Pactual desistirem

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O conselho de administração do Casino provocou uma reação em cadeia que pode malograr de vez o sonho de Abílio Diniz. Ontem, em Paris, os conselheiros do grupo francês rejeitaram por unanimidade a fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour. Consequentemente, no Brasil, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cancelou o apoio que daria à proposta do empresário. Para piorar, o fundo Gama, do BTG Pactual, que havia proposto o negócio, suspendeu-o temporariamente.

 

A reunião de ontem, da qual Diniz participou, terminou sem que houvesse acordo sobre o "Carreçúcar". O consenso entre os sócios do Grupo Pão de Açúcar (GPA) era precondição para que o BNDES analisasse a possibilidade de fusão e, possivelmente, entrasse com um financiamento de R$ 4 bilhões. O conselho do Casino enviou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) uma representação mostrando porque se posiciona contra o negócio. Para os conselheiros, a proposta de fusão é "contrária aos interesses do grupo e de seus acionistas".

 

Entre os motivos, estão a concentração de mercado que o Novo Pão de Açúcar (NPA) provocaria; os riscos gerenciais e administrativos; e a diluição do poder dos atuais investidores do GPA. Os argumentos apresentados pelo Casino são oriundos de uma análise feita por diversas instituições financeiras, como os bancos internacionais Santander, Goldman Sachs e Merril Lynch, sobre as possíveis consequências da fusão. "Não estou de acordo com os estudos que foram feitos", rebateu Diniz após a reunião.

 

Brechas

 

Ainda assim, antes que o BNDES divulgasse a nota em que "dá para trás", o empresário declarou que "há brechas" para um entendimento entre as partes e reafirmou seu apoio à criação da segunda maior empresa do varejo global. "O âmbito para a deliberação da proposta não é o conselho do Casino, mas sim o conselho de administração da Wilkes", divulgou a assessoria de Diniz. A Wilkes é a holding que controla o GPA. Uma assembleia de acionistas da companhia está marcada para o dia 2 de agosto. Porém, uma fonte do DCI confirmou ontem a informação de que o Casino entrou com um pedido formal de antecipação do encontro, aumentando ainda mais a pressão sobre Diniz. A proposta de união entre Pão de Açúcar e Carrefour veio a público há 16 dias, quando começaram os atritos entre os sócios.

 

Por mais que consiga levar adiante a possível fusão, o fundador do Pão de Açúcar ainda enfrentará pelo menos três barreiras: 1) por contrato, o Casino tem direito de assumir o controle do GPA em 2012, e portanto resiste à proposta; 2) com a saída do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tido como essencial (R$ 4 bilhões) para o negócio, uma nova fonte de recursos precisa ser encontrada; e 3) o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode considerar inviável o Novo Pão de Açúcar (NPA), já que a companhia deteria 27% do varejo brasileiro e 69% do paulista.

 

"A associação prevista entre Carrefour e Pão de Açúcar será uma oportunidade excepcional e gerará ganhos para todos os acionistas, incluindo Casino", defende Diniz. Porém, presidido por Jean-Charles Naouri, o grupo francês, desde o princípio posicionado contra à proposta de fusão, acredita que o negócio, além de hostil, seja ilegal.

 

Veículo: DCI


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