Mercado projeta inflação no centro da meta para 2010

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Economistas estão mais pessimistas com relação à projeção da meta de inflação para o próximo ano, mostra o Boletim Focus desta semana. De acordo com os números, é a primeira vez que a expectativa atinge o centro da meta (4,5%) estipulada pelo Banco Central (BC) e a segunda semana seguida de crescimento da previsão, que marcou 4,41% na última leitura. Para este ano, entretanto, o IPCA - indicador oficial - foi levemente ajustado para baixo ao passar de 4,30% para 4,29%.

 

Para o professor da Fractal, Celso Grisi, o mercado deve manter a meta da inflação para 2010 pelo menos até o final deste ano. Contudo no próximo ano a projeção deve aumentar, atribuindo com isso o retorno da Selic acima dos dois dígitos.

 

"A economia está em recuperação, no próximo ano será ainda mais forte essa tendência, o que fará uma pressão inflacionária que pressionará o Copom a elevar a Selic novamente, conforme a previsão do Focus", relata.

 

O relatório ainda trouxe a projeção de deflação mais intensa no IGP-DI em 2009, de 0,41%, ante a expectativa de retração em 0,29% da semana passada. Outra queda foi no IGP-M, que registrou baixa de 0,65% nesta leitura contra os 0,60% vistos no levantamento anterior. No IPC-Fipe, também houve queda, ao passar de 4,02% para 3,99%, contudo, o valor permanece em alta.

 

Grisi afirma ainda que neste mês o IPCA deve manter alta de 0,31% e o IGP-DI deve ter expansão de 0,36%. Para o IGP-M, a estimativa foi de 0,28% para 0,21% de acréscimo. Quanto ao IPC-Fipe, a mudança na perspectiva foi leve, de 0,31% para 0,30%.

 

Taxa de juros

 

Com o IPCA em alta, os analistas do mercado apontam que a Selic, passe dos atuais 8,75% ao ano para 10,5% ao final de 2010 - previsão igual a semana anterior.

 

Para Grisi, a taxa de juros haverá crescimentos graduais, entre 0,5% e 1%, a partir do segundo trimestre de 2010, e depois d manterá a constante de 10% até o final do próximo ano.

 

Mercado

 

A expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) cresceu pela quarta semana consecutiva, apontou o Boletim. O valor há quatro semanas era de 0% de crescimento, na última semana passou para 0,12% e esta semana atingiu os 0,18%.

 

Grisi afirmou que o crescimento consecutivo já era esperado e que a projeção deve ainda permanecer em ascensão e fechar o ano em 0,3%, por conta dos pedidos adicionais à indústria.

 

A melhora nas expectativas do mercado, que, por seis meses, acreditou em queda do PIB em 2009, acontece depois de o IBGE ter informado que o PIB do segundo trimestre deste ano cresceu 1,9% na comparação com os três primeiros meses de 2009, o que tirou a economia brasileira da chamada "recessão técnica".

 

Para o PIB de 2010, a projeção permaneceu em alta de 4,8% , valor superior ao estimado na proposta de orçamento federal para o ano que vem (4,5%).

 

Em relação à produção industrial neste ano, os analistas mantiveram a estimativa de queda de 7,56%. Para 2010, a projeção de crescimento foi alterada de 6,08% para 6,5%.

 

Os analistas ajustaram a projeção para a dívida líquida do setor público, que passou de 43,9% para 43,95% neste ano e de 41,5% para 41,9% em 2010.

 

Câmbio

 

A projeção para o câmbio no fim de 2009 permaneceu pela segunda semana em R$ 1,70 por dólar. Para o final de 2010, a previsão ficou estável em R$ 1,75 por dólar.

 

Grisi aposta na retomada do crescimento do dólar frente ao real. "Devemos acreditar no que o BC está fazendo, acho que a moeda norte-americana vai terminar o ano em R$ 1,80", relatou.

 

A previsão para o superávit comercial (saldo positivo de exportações menos importações) para este ano subiu de US$ 25,65 bilhões para 25,85 bilhões. Já para o próximo ano, os analistas reduziram a estimativa de US$ 16,5 bilhões para US$ 16 bilhões.

 

Para o déficit em conta corrente (registro das transações de compra e venda de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior) neste ano, os analistas elevaram a estimativa de US$ 16,4 bilhões para US$ 16,8 bilhões. Para 2010, foi alterada a projeção de US$ 30 bilhões para US$ 31 bilhões.

 

No caso do IED (investimento estrangeiro direto) - recursos que vão para o setor produtivo do país -, a expectativa do mercado financeiro para o ingresso de 2009 ficou estável em US$ 25 bilhões na última semana. Para 2010, a projeção de entrada de investimentos no Brasil subiu de US$ 32 bilhões para US$ 33 bilhões.

 


Veículo: DCI


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