BNDES libera 97% mais para a indústria

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Conjuntura: Redução de custo no financiamento de bens de capital estimulou demanda por máquinas no 3º tri


 
Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) podem alcançar R$ 130 bilhões em 2009, segundo estimativas do presidente da instituição, Luciano Coutinho. No ano passado, foram liberados R$ 90,8 bilhões. De janeiro a setembro, as liberações do banco avançaram 58% em relação ao mesmo período do ano passado, somando R$ 96,9 bilhões - e até os primeiros dias de outubro, o valor superou R$ 100 bilhões.

 

Até setembro, o setor industrial, que levou 51% dos recursos (R$ 50,2 bilhões), avançou 97% e as liberações para o setor de infraestrutura (R$ 33 bilhões) cresceram 32%. Também contribuiu para o desempenho recorde, o empréstimo de R$ 25 bilhões para a Petrobras, em julho.

 

Apesar dos bons resultados no terceiro trimestre, o BNDES não pretende ampliar o prazo do Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI), que prevê condições especiais de financiamento para os setores de máquinas e equipamentos, inovação e exportação com pré-embarque. O projeto, que entre outros benefícios garante taxa de juros fixa de 4,5% ao ano em determinadas condições, foi adotado em junho e vale até 31 de dezembro.

 

No terceiro trimestre, as liberações do banco de fomento atingiram R$ 53,9 bilhões, contra R$ 24 bilhões no segundo trimestre. Em três meses de validade, a carteira do PSI acumulou R$ 13,6 bilhões, sendo R$ 8,2 bilhões para os setores exportadores e R$ 5,3 bilhões para bens de capital, enquanto projetos de inovação receberam R$ 100 milhões. Do total destinado a exportações, R$ 7,1 bilhões são para financiamento de máquinas e equipamentos destinados ao mercado externo. "Este apoio à exportação de bens de capital foi muito relevante para sustentar o nível de produção no setor e impedir que caísse mais do que caiu. Foi um suporte importante", ponderou Coutinho.

 

Para o presidente do BNDES, o PSI foi importante para garantir a retomada dos investimentos no terceiro trimestre, mas o custo fiscal do mecanismo - que teve equalização do Tesouro para garantir taxa de juros inferior à Taxa de Juros de Longo Prazo - impõe o fim do estímulo a partir de janeiro de 2010.

 

"O PSI está pensado para valer até o fim desse ano. Ele é um mecanismo de antecipação de decisões, tem custo fiscal e está programado para encerrar em 31 de dezembro", afirmou Coutinho. "À medida que a crise vai passando, vamos retirando os incentivos", explicou.

 

Os R$ 96,9 bilhões desembolsados até setembro superam todo o valor liberado no ano de 2008. Já as aprovações atingiram R$ 113,601 bilhões entre janeiro e setembro, um crescimento de 47% na comparação com os nove primeiros meses de 2008.

 

O desempenho do BNDES até setembro mostra que o investimento na economia brasileira já está se recuperando, e a expectativa de Coutinho é que, na média do quarto trimestre, este indicador volte a crescer a taxas superiores às do consumo interno dentro do Produto Interno Bruto (PIB). O presidente do banco de fomento lembrou que o nível de utilização da capacidade instalada na indústria brasileira atingiu 80,1% em agosto, um nível em que os empresários já se sentem estimulados a investir em aumento de capacidade.

 

A expectativa do BNDES é que a partir do ano que vem o setor privado já retome o crédito para a produção em níveis próximos aos observados antes da crise. Mas Coutinho destacou que o eventual atraso nesta retomada dos recursos privados não pegará o banco no contrapé. "Há uma decisão política de que não faltarão recursos para o BNDES em 2010, porque o governo federal entende que a recuperação do crescimento da economia brasileira via investimento é fundamental para o crescimento saudável", disse, lembrando que já estão em curso tratativas sobre o orçamento do banco para 2010.
 


Veículo: Valor Econômico


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