Serra muda critério para dar reajuste maior ao mínimo

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Após queda de braço no governo, piso em SP sobe mais do que o aumento nacional

 

Tucano muda critério de correção e decide adotar o PIB paulista, elevando em 10,89% (em vez de 8,79%) o piso salarial no Estado

 

Depois de uma queda de braço entre área política e equipe econômica, o governo de São Paulo mudou, pela primeira vez, o critério de reajuste do piso salarial de Estado, o que possibilitou que o governador José Serra anunciasse ontem um índice de reajuste maior do que o do salário mínimo nacional.

 

Graças à alteração, definida na noite de segunda-feira, véspera do anúncio, o "mínimo estadual" será corrigido em 10,89%, passando de R$ 505 para R$ 560. O índice de reajuste do mínimo fixado pelo governo Lula foi de 9,68%.

 

Para chegar a esse número, o governo Serra usou o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado para a correção do piso paulista. Mantida a fórmula original -baseada na variação do PIB nacional-, o índice de reajuste seria de 8,79%, menor do que o aumento do mínimo nacional.

 

Além de um índice de reajuste maior, a adoção do novo critério permite que o Estado divulgue uma cifra redonda em pleno ano eleitoral.
"Com relação ao mínimo nacional, o piso salarial do Estado está R$ 50 acima do novo salário mínimo. Isso é perfeitamente assimilável pela economia paulista", disse Serra.

 

Pelo modelo anterior, o piso estadual seria de R$ 550, R$ 40 a mais do que o salário mínimo nacional (R$ 510).

 

Segundo o secretário do Emprego e Relações de Trabalho, Guilherme Afif Domingos, o governo decidiu aplicar a variação do PIB paulista -de 6,9%- porque, em 2008 (base do cálculo), foi maior do que o nacional (4,71%).
"Não temos culpa se a economia do Estado cresceu mais do que a do país", justificou Afif.

 

Impasse

 

Uma falha na divulgação dos números acabou por revelar que o piso fora alvo de discórdia no governo. Em dissonância com a equipe econômica, Afif insistiu na adoção do PIB estadual como critério de cálculo.

 

Embora os técnicos tenham alegado que a medida aumentaria o gasto do Estado com prestadoras de serviço, Serra afirmou que o custo seria "insignificante" para o governo e optou pela proposta de Afif.

 

Como a decisão foi tomada na noite de segunda-feira, sem a presença de Afif, o governo chegou a distribuir, em texto, a informação de que o piso estadual seria de R$ 550.
Ao ler o material, Serra convocou Afif e assessores para que reescrevessem o texto.
"Como havia vários cenários, acabaram enviando para digitação o errado", disse Serra.

 

Afif afirmou que não tinha sido informado da decisão. "Foi um erro de divulgação de todos nós", disse o secretário.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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