IPTU puxa IPC e Fipe espera alta

Leia em 2min 30s

Por causa dos reajustes do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) determinados pela Prefeitura de São Paulo, a Fipe colocou um "viés de alta" na projeção do IPC no mês de fevereiro, de 0,60%. Segundo o coordenador do IPC-Fipe, Antônio Comune, a tabela do IPTU veio acima do reajuste esperado pela Fipe e, por isso, a inflação neste mês pode ficar acima da previsão inicial. O IPTU tem um peso de 1% sobre o IPC e, de acordo com os cálculos da Fipe, pode contribuir com 0,25 ponto porcentual da inflação na capital paulista.

 

"É bastante coisa, considerando que a expectativa é de uma alta do índice perto de 0,60%", explica Comune. Na primeira leitura do mês, a alta do IPTU captada pelo IPC foi de 4,44%, contribuindo com 0,046 ponto porcentual da alta do índice, que foi de 1,28%. Por causa desse reajuste, o grupo Habitação acelerou a alta para 0,29%, ante 0,15% no fechamento de janeiro.

 

O que pode compensar o efeito do IPTU mais alto sobre a inflação no mês de fevereiro é o comportamento do grupo Alimentação que, segundo Comune, já mostrou na primeira quadrissemana do mês uma desaceleração mais rápida do que o esperado. A alta desse grupo foi de 1,18%, ante 1,52% no fechamento de janeiro.

 

Os preços dos alimentos in natura, os que mais sofrem com os efeitos da chuva, também desaceleram: a alta de 3,15% nesta quadrissemana, abaixo dos 4,44% observados no fechamento de janeiro. "O comportamento dos alimentos ao longo do mês é que determinará para onde irá a projeção para o mês de fevereiro", explica Comune.

 

O coordenador do IPC observa que frutas, legumes e tubérculos mostraram desaceleração na primeira quadrissemana. A pressão continua vindo das verduras, produto que mais sofre com as variações climáticas, e que subiu na primeira leitura do mês 15,07%. Nesse segmento, os destaques de alta foram alface (17,11%), escarola (19,8%) e espinafre (17%).

 

As carnes, que também vinham pressionando a inflação neste início do ano, surpreenderam ao desacelerar a alta. A taxa de reajuste mais intensa observada nesse segmento foi contrafilé, que avançou 2%. Dessa forma, os alimentos semielaborados subiram 1,28%, abaixo da taxa de 1,56% observada no fechamento de janeiro.

 

Para Comune, esse comportamento mais benigno que se observa no preço dos alimentos pode ser atribuído à reação natural do consumidor diante dos fortes reajustes: a substituição do produto. "Se o consumidor vê que verduras estão muito caras, ele compra outro alimento em substituição, o que limite o reajuste desses produtos", explica. O mesmo vale para as carnes, que têm no frango uma alternativa mais barata. O frango, aliás, aparece como uma das mais fortes queda de preço do IPC da primeira quadrissemana de fevereiro (-1,46%).

 


Veículo: Jornal do Commercio - RJ


Veja também

ICV para famílias com renda média sobe 1,82%

A taxa de inflação para a população de renda intermediária foi maior do que as observ...

Veja mais
Capacidade ociosa da indústria ainda é elevada, afirma federação paulista

Se depender do setor industrial brasileiro haverá crescimento sustentável da economia em 2010, sem press&a...

Veja mais
Consumidor fica mais cauteloso com novas dívidas

Demanda do consumidor por financiamentos tem retração de 1,1% em janeiro, aponta Serasa Experian   ...

Veja mais
Focus prevê nova alta para inflação

Segundo pesquisa, IPCA deve fechar o ano com alta de 4,78%, fora, portanto, do centro da meta, que é 4,50%  ...

Veja mais
Dívida atrelada à Selic chega a 62%

Em 2009, proporção em relação à dívida pública bateu recorde anual; em ...

Veja mais
Altas pontuais no IPCA podem pressionar decisão do BC sobre juros

No início deste ano, os aumentos das tarifas de transporte público em São Paulo e no Rio de Janeiro...

Veja mais
IGP-DI reverte queda e sobe 1,01%

Aumentos espalhados no atacado, varejo e construção civil levaram à taxa maior do Índice Ger...

Veja mais
Brasil é destaque no varejo mundial

Centrar as atenções no comportamento do comprador, especialmente dentro da loja, faz a diferença no...

Veja mais
Consumo dá sinal de desaceleração

Sondagem mostra recuo nas vendas de bens duráveis por causa do endividamento das famílias das classes C e ...

Veja mais