A Minerva Foods, que deve fechar 2013 com prejuízo por conta da desvalorização do real, está otimista com o próximo ano e também com 2015. Em encontro de fim de ano com jornalistas, o presidente da companhia, Fernando Galletti de Queiroz, disse ontem que os concorrentes do Brasil na exportação de carne bovina, como os Estados Unidos, ainda sofrem com a escassez de oferta de boi gordo. "Existe um cenário de falta de fornecimento [de matéria-prima] nas principais regiões concorrentes", afirmou.
Diante desse quadro, a Minerva, segunda maior exportadora de carne bovina do Brasil, atrás da JBS, deve ser favorecida já que o ciclo da pecuária de corte ainda é positivo no Brasil, segundo Galletti. A Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), que reúne as empresas do setor, estima que as exportações brasileiras totais de carne bovina poderão atingir o recorde de US$ 8 bilhões ano que vem.
A Minerva também espera melhorar seu resultado líquido em 2014, segundo Edison Ticle, diretor-financeiro da companhia. A desvalorização média de 15% do real em relação ao dólar neste ano elevou as despesas financeiras da Minerva e deve levar a empresa a fechar o ano com resultado negativo, repetindo cenário visto em 2012. Nos nove primeiros meses deste ano, o prejuízo acumulado foi de R$ 190 milhões.
Mas, segundo Ticle, a expectativa é de um cenário mais favorável em 2014. "Mesmo que o real se desvalorize, a despesa financeira será menor que em 2012 e 2013, o que permitirá gerar lucro líquido", disse ele.
Ele afirmou ainda que o dólar mais valorizado - como indicam as projeções no mercado futuro - deverá ampliar a participação das exportações no faturamento da Minerva em 2014. No terceiro trimestre deste ano, essa fatia era de cerca de 70%. "No ano que vem, se a valorização se mantiver, penderemos mais para a exportação e essa participação pode aumentar", disse.
A empresa, que comprou a área de bovinos da BRF em troca de participação acionária, também reiterou sua intenção de seguir crescendo na América Sul. Galletti afirmou que a empresa continua olhando oportunidades na América do Sul, principalmente no Paraguai, Uruguai e Colômbia.
Mas ele também revelou que a parceria recente com o IFC - braço do Banco Mundial para o setor privado - pode abrir oportunidades para a Minerva em outros continentes, como a África. Este ano a empresa de carne bovina fechou acordo com o IFC que inclui empréstimo de R$ 138 milhões e uma participação de 3% do banco no capital da Minerva.
Galletti observou que a presença do IFC em países em desenvolvimento "traz oportunidades comerciais e de parcerias nesses países". Questionado se isso incluiria aquisições, ele afirmou que "pode incluir, mas não necessariamente". No caso do continente africano, por exemplo, o foco da Minerva é ampliar exportações.
Veículo: Valor Econômico