BRF muda portfólio para beneficiar lucro

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Com o intuito de cortar custos, a BRF deverá reduzir de 20% a 30% seu portfólio de produtos no Brasil ao longo de 2014, afirmou ontem a vice-presidente de marketing e inovação da companhia, Sylvia Leão, em entrevista a jornalistas em São Paulo.

A medida faz parte do processo de reestruturação iniciado após a chegada do empresário Abilio Diniz à presidência do conselho de administração da companhia. E reflete a principal meta da nova gestão que é inverter a lógica de produção da empresa. Em mais de uma ocasião, Abilio disse que a BRF "empurrava" os produtos da área industrial para o consumidor e que isso deve mudar. A redução de portfólio vai nesse sentido.

"A empresa nunca deixou de ver o consumidor, mas efetivamente a gente não tem colocado o cliente no centro das decisões. Se pudesse, gostaria de pedir desculpas pela má percepção que eles têm da gente", afirmou o CEO da BRF no Brasil, Sergio Fonseca, que também participou do apresentação ontem.

De acordo com o executivo, a redução do portfólio obedecerá uma estratégia regional. "Tínhamos uma política de democratizar tudo, mas às vezes um produto vende muito bem no Nordeste, mas não vende no Sul. Isso onera a operação. Vamos desabilitar produtos por fábrica", afirmou o CEO. Isso significa deixar de produzir determinados itens em certas unidades. Desse modo, a expectativa é adequar a produção de cada fábrica de processados da companhia às demandas do consumidor.

Fonseca disse que a redução do portfólio não significará faturamento menor, uma vez que os produtos que serão "desabilitados" são pouco expressivos do ponto de vista de vendas. "Não vamos perder volume, vamos turbinar o que vendemos", afirmou ele, que não revelou a economia esperada com a medida.

De todo modo, os executivos da BRF deixaram claro que o processo de reestruturação suplanta até a conjuntura econômica como "alavanca" para o desempenho da companhia em 2014. "A nossa visão para o mercado interno tem um componente de mercado, mas a maior alavanca é endógena, baseada no pilar de execução comercial", afirmou o vice-presidente de finanças, administração e relações com investidores, Leopoldo Saboya.

Na avaliação de Saboya, a economia brasileira não terá um desempenho "vigoroso" no ano que vem. "É um ano de recuperação modesta. Não vemos um crescimento vigoroso", afirmou. No que diz respeito à inflação, que foi apontada como culpada pela dificuldade da empresa de vender volumes neste ano, o executivo disse concordar com o consenso de que o IPCA ficará entre 5,5% e 6% em 2014.

De acordo com Saboya, os custos de produção da companhia - sobretudo, os grãos usados na ração animal - devem ficar estáveis ou ter leve incremento no próximo ano. Com isso, disse ele, a "inflação interna da BRF vai ser menor do que o IPCA". Nos últimos dois anos, a elevação dos custos de produção da companhia foram maiores do que a do IPCA. Para ele, a perspectiva de preços para os grãos usados na ração animal é de "certa estabilidade". Ele ressalvou, porém, que problemas nas safras americana e brasileira em 2014 poderiam mudar o cenário.

No front externo, Saboya reafirmou o interesse da BRF em aquisições para se tornar uma empresa global. Segundo ele, o principal foco de possíveis aquisições é a região conhecida como "Menasa", que abrange Oriente Médio, Norte da África e Sudeste Asiático. Atualmente, a BRF já fatura cerca de US$ 2 bilhões por ano nessa região. "Vislumbramos ter presença mais contundente [na região]", afirmou Saboya. Questionado sobre negociações, o executivo disse que a prospecção de ativos é permanente. "Estamos prospectando e nunca paramos, mas é algo que demora", disse ele, que não descartou aquisições tanto na área de distribuição de alimentos como na de processamento no exterior.



Veículo: Valor Econômico


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