A intoxicação dos rebanhos irlandeses de bovinos e suínos por ingestão de dioxina pode servir como ferramenta para negociadores brasileiros em futuras rodadas de conversações sobre mercado de carnes, junto ao bloco europeu, que envolvam questões como exigências fitossanitárias.
Os fazendeiros irlandeses foram os maiores colaboradores para o protecionismo disfarçado que resultou no embargo à carne in natura brasileira no último dia de janeiro deste ano. E agora, embora tenham o sistema de rastreabilidade instalado em seus rebanhos, os irlandeses estão enfrentando problemas por contaminação de dioxina. Vale lembrar, diz Paulo Molinari, analista da Safras & Mercados, que se trata de um problema de formulação das rações e, em breve, deverá ser resolvido. "A Europa vai descobrir a origem e proibir a importação do ingrediente", diz.
No atual momento econômico, o fato não abre oportunidades para que os brasileiros abocanhem fatia de mercados, acreditam especialistas. A Irlanda é produtora significativa de suínos e importadora de carne bovina.
O efeito ocorrerá mesmo em relação à imagem. "O fato vai criar um constrangimento para os produtores de carne bovina da Irlanda, porque eles venderam uma certa imagem deles para o consumidor europeu, até mesmo para justificar os altos preços da carne", avalia José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP. A rastreabilidade é importante, mas o fato mostra que o volume de exigências do sistema empregado não torna o rebanho invulnerável.
Veículo: DCI