Nova regra fiscal impulsiona negócios de TI

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Em pouco mais de três semanas, cerca de 15 mil empresas brasileiras começarão uma nova etapa em seu relacionamento com o Fisco. 

Começa em 1º de janeiro a segunda fase de implantação do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), que prevê a entrega eletrônica das declarações fiscais mensais a partir de maio e da contabilidade anual começando em julho (Sped Fiscal e Sped Contábil). As mudanças vão permitir ao governo acompanhar de forma quase instantânea a arrecadação de tributos e o comportamento das empresas na área. 

 

A previsão é de que a adoção das regras também vai gerar bons negócios para desenvolvedores de software capazes de ajudar as empresas a se adaptarem à nova fase. Os contratos podem começar em R$ 15 mil e chegar a R$ 250 mil, dependendo do porte e das necessidades da empresa compradora. 

 

"O trabalho no ano que vem vai ser pesado", diz Carlos Kazuo, diretor da Sonda Procwork. Este ano, além dos aportes em desenvolvimento e capacitação de 80 profissionais para uma unidade criada para atuar com o Sped, a companhia comprou R$ 1 milhão em equipamentos para montar um ambiente onde os clientes podem fazer testes para a implantação do sistema. O objetivo é ter 250 contratos até o fim do próximo semestre. 

 

A Hominealiou-se a uma desenvolvedora de software chilena e vai começar a atender um cliente do setor metalúrgico no início do ano que vem. Segundo Horacio Menin, sócio-diretor da empresa, a projeção é de que o Sped passará a responder por 20% do faturamento da companhia já em 2009. 

 

Basicamente, as ferramentas para o Sped extraem informações dos sistemas de gestão das empresas (ERPs) e as colocam no formato definido pela Receita Federal. Antes dessa etapa, porém, é preciso fazer um mapeamento de processos e informações que a empresa tem sobre seus produtos e clientes. Essa fase pode durar até quatro meses. 

 

"O Sped não é só uma nova obrigação. Estamos falando de um processo que trará uma mudança cultural para a sociedade", diz Claudio Coli, diretor executivo da desenvolvedora de software Mastersaf. A empresa está envolvida com o Sped desde 2007 e formatou cinco dos 25 sistemas de companhias que participaram do projeto piloto, desenvolvido pelo governo. 

 

De olho no mercado de pequenas e médias empresas, que não estão as primeiras no calendário de implantação do sistema, a Mastersaf firmou uma parceria com a IBM para oferecer o Sped no modelo de software como serviço. "A farmácia da esquina poderá usar o espaço dos centros de dados da IBM para processar e entregar informações ao Fisco", diz Coli. 

 

Na Sonda Procwork, Kazuo afirma que a idéia é usar a infra-estrutura montada para oferecer a validação das informações geradas antes do envio ao Fisco. O objetivo é atingir uma camada de empresas de menor porte. 

 

Severino Benner, presidente da Benner Sistemas, diz que os escritórios de contabilidade serão outro mercado interessante porque vão prestar serviços para quem não tiver condições de investir em uma infra-estrutura adequada. 

 

Para ele, esse é o momento de melhorar a qualidade da contabilidade das companhias brasileiras. "A empresa abre a porta para o Fisco e os contadores devem se modernizar agora", afirma Benner. A companhia de software de gestão está oferecendo o programa a partir de R$ 26 mil. 

 

Dois dos principais fornecedores do mercado de ERP - Totvs e SAP -, também estão atentos às oportunidades e já incluíram o suporte ao Sped entre os seus produtos. De acordo com Bruno Ogusuko, gerente de localização e desenvolvimento da SAP, desde setembro está disponível uma atualização do sistema principal da empresa já com as adaptações ao Sped. Mais de 40 empresas estão em fase de implantação. 

 

Já a ferramenta do Sped Contábil está em teste em dois clientes e deve ser liberada no fim de janeiro. Vinte profissionais do Brasil, Portugal, Alemanha e Índia foram envolvidos no processo de desenvolvimento. Na Totvs, Wilson de Godoy Soares Junior, vice-presidente de gestão de desenvolvimento, explica que o recurso será oferecido como um módulo pago a parte. 

 

Na CPM Braxis, a opção também foi pela parceria. Junto com o IOB, ela criou um programa de auditoria fiscal que auxilia as empresas a se manterem atualizadas às constantes mudanças na legislação tributária. Um levantamento do perfil fiscal de corporações com faturamento entre R$ 3 milhões e R$ 15 bilhões feito pelo IOB constatou que 83% delas cometeram algum tipo de falha no preenchimento de campos na hora de prestar contas ao Fisco. 

 

O Grupo Linx criou uma divisão para auxiliar seus clientes no processo de implementação do Sped. "Não seria adequado deixá-los caminhar sozinhos", diz Nércio Fernandes, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Linx Sistemas. 

 

A ABC71 lançou, há dois meses, um programa para pequenas e médias empresas. Já são 6 clientes e outros 40 em negociação, diz Julio Bertolini, diretor comercial da empresa. A companhia oferece o programa por R$ 15 mil e projeta aumento de 15% na receita de 2009 em decorrência dos serviços para o Sped. 

 

Veículo: Valor Econômico


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