Cartão regional quer ser nacional

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Acordo com Cielo e Redecard multiplica a rede de estabelecimentos


   
Longe da briga entre Visa e MasterCard para ganhar a preferência do consumidor, são as pequenas bandeiras com atuação regional que começam a travar um embate paralelo no mercado de cartões. Antes restritas ao segmento ou estado onde se originaram, agora aspiram avançar pelo território brasileiro.

 

O pontapé para vencer as barreiras geográficas veio com parcerias fechadas com as grandes redes de credenciamento de lojistas e captura de transações, Redecard e Cielo, que podem colocar no mapa nacional nomes como Sorocred, Coopercred e Cabal ao lado da já grande Hipercard ou da Tricard, do Grupo Martins. A próxima da lista promete ser a Banescard, do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes), que conversa com as duas principais adquirentes e pretende abrir uma licitação ainda neste mês, segundo o presidente Roberto da Cunha Penedo.

 

Além das internacionais dominantes, o país conta com cerca de 90 bandeiras, que devem movimentar neste ano mais de R$ 30 bilhões, segundo estimativas da Boanerges & Cia, consultoria em varejo financeiro, o que deve representar pouco mais de 5% do volume de transações do setor, de R$ 534 bilhões em 2010, pelas projeções da Abecs. Antes da abertura do mercado de cartões, eram marcas predestinadas a ser pequenas ou teriam de lançar mão de recursos vultosos para ter uma distribuição mais abrangente. Mas a partir da quebra da exclusividade da Cielo com a Visa e do fim do acordo de cavalheiros entre Redecard e MasterCard, o Brasil passou a ser o limite.

 

O primeiro a puxar a fila foi o cartão Hipercard, que nasceu na rede de supermercados Bompreço (vendido para o Walmart) e que hoje pertence ao Itaú Unibanco. A bandeira fez história no Nordeste, tem uma base de 13,5 milhões de plásticos e ganhou presença no Sul do país com as aquisições da franquia americana na região. Em maio, a Hipercard fechou acordo com a Redecard ambicionando ser uma marca verdadeiramente nacional, caminho depois seguido pelas menores.

 

Com uma base de 3,5 milhões de cartões, a paulista Sorocred selou acordo tanto com a Redecard quanto com a Cielo para não ficar na mão caso o lojista se decida por uma ou outra rede. Numa tacada só partiu de uma malha de 150 mil estabelecimentos credenciados para 1,7 milhão. Em dois anos, a meta é triplicar a quantidade de transações, hoje na casa do R$ 1,2 bilhão, e chegar a um total de 5 milhões de plásticos, segundo o presidente Nilton Ferreira da Silva. "Tínhamos 85% da operação concentrada em São Paulo e a partir de agora deixamos de ser regional, nossa preocupação com rede acaba e podemos pensar só em captar novos clientes e emitir plásticos."

 

Com um volume de transações previsto em R$ 230 milhões em 2010, a paranaense Coopercred, que nasceu dentro rede de supermercados São Francisco, de Maringá, traça seu plano estratégico para 2011 com base na parceria fechada com a Redecard. Nessa conta considera os mais de 1 milhão de estabelecimentos credenciados pela empresa, que contrasta com os cerca de 8 mil atuais e começa a vislumbrar números na casa dos R$ 500 milhões, segundo o diretor Pedro Pereira. "Ao nos aliarmos a uma grande rede, ganhamos velocidade na expansão dos negócios e, ao mesmo tempo, vencemos a barreira com o lojista, que tinha que colocar mais um POS (o terminal de captura) no balcão."

 

Já a Cabal, de origem argentina e aqui ligada ao Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), quer ser uma bandeira aberta a novos emissores e, por isso, a parceria com a Redecard, conta Marcos Vinícius Viana Borges, superintendente geral da marca. A intenção é replicar no Brasil a mesma trajetória trilhada na Argentina. Também lá a bandeira nasceu dentro do Banco Credicoop na década de 1980, abriu a emissão e hoje tem presença entre os 15 maiores emissores bancários do país, ficando atrás apenas das grandes internacionais. "A adquirência aberta permite o surgimento de novas bandeiras como a elo, e também o desenvolvimento das regionais que patinavam por falta de rede."

 

Já o Banestes quer antes de qualquer outra coisa defender o seu mercado no Espírito Santo.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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