Tecnologia blockchain estará presente nos alimentos

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A tecnologia permitirá rastrear perdas de valor ao longo da cadeia, prevenir crises sanitárias e melhorar a gestão dos recursos ambientais

 

A tecnologia blockchain é mais conhecida por sua aplicação nas criptomoedas, mas pode ser aproveitada no setor de alimentos, com a criação de “passaportes digitais”, que podem alterar a certificação de alimentos como é feito atualmente. Esse passaporte inclui dados relevantes, tanto para a empresa, quanto para o consumidor final. E, a partir deles, é possível identificar perdas de valor ao longo da cadeia, prevenir crises sanitárias e melhorar a sustentabilidade dos processos, argumenta especialistas.

 

“Hoje ainda não é um problema massivo, mas vai tornar-se assim na alimentação, como já é nos têxteis e na construção”, defende a diretora da Blue Room Innovation, Denisa Gibovic, durante o Auténtica Food Fest, realizado em Sevilha no dia 26 de setembro.

 

Por meio de um QR Code, a tecnologia blockchain permitirá que cada produto seja associado a informações sobre sua origem, o local de captura ou coleta, as empresas envolvidas no processo produtivo ou suas características nutricionais.

 

A tecnologia Blockchain pode ajudar a criar passaportes alimentares generalizados para produzir uma vantagem competitiva.

Na hotelaria, a Blue Room Innovation iniciou um projeto piloto com vários restaurantes em Maiorca para oferecer garantias de origem do peixe aos seus clientes. “É uma forma de se diferenciar e, por meio da tecnologia blockchain, é possível”, insiste Gibovic.

 

“Ao pedir um pescado, o cliente recebe um QR code detalhando a origem e o número de certificados que acompanham o produto”, explica. Por meio da tecnologia blockchain, os diferentes elos da cadeia alimentar confirmam a veracidade dos dados expressos no QR Code.

 

“Fornecemos provas como o nome do pescador, o barco, sua empresa etc. Estamos criando um histórico verificável de toda a trajetória do alimento, desde o momento da captação até o seu consumo e até sua reciclagem. Queremos mostrar todo o ciclo com transparência”, diz Gibovic.

 

Esses dados não podem ser falsificados? 

Na verdade, não. A tecnologia blockchain funciona como um banco de dados descentralizado e distribuído, que não permite edições uma vez que novas informações são inseridas. “Oferece uma garantia de imutabilidade”, argumenta Gibovic.

 

“Precisamos de balanças digitais, sistemas de geolocalização e dados que possam ser coletados automaticamente, por exemplo: por meio de pistolas ou leitores de código de barras”, alerta o presidente da FNDB, José Francisco Hernández Munuera, durante seu discurso no Auténtica Food Fest.

 

Benefício econômicos, de saúde e sustentabilidade 

“Se o blockchain não for lucrativo, ele não será implementado pelas empresas”, reconhece Hernandez. Por essa razão, os promotores da tecnologia dão grande ênfase ao seu potencial de rastrear perdas de valor ao longo da cadeia e, portanto, poder evitá-las.

 

As empresas perdem valor ao longo de seus processos produtivos, mas têm sérios problemas na hora de localizar em que ponto exato a perda ocorreu. O blockchain pode ajudar a mitigar esse problema.

 

Uma segunda vantagem da implementação do blockchain é a segurança alimentar. Ao rastrear a origem dos produtos, será possível prevenir e isolar surtos de forma mais rápida e eficaz do que antes.

 

“Se a crise da carne desfiada tivesse sido registrada no blockchain, em vez de ser resolvida em um mês e meio, teria durado dez minutos. Teríamos salvado dez mortes e 166 afetados”, diz Hernández.

 

Terceiro, o blockchain oferece avanços em sustentabilidade. Ao identificar quando, onde e em que quantidade um alimento foi produzido, ele permitirá cuidar da exploração dos recursos (por exemplo, pesca). Além disso, o blockchain permitirá conhecer o ciclo de vida dos contêineres de forma mais precisa.

 

Por fim, permitirá valorizar os produtos de determinada origem, uma vez que isso pode ser conhecido de forma simples por meio de um QR code.

 

“O Carrefour foi pioneiro no uso dessa tecnologia com seu frango caipira e, na logística, ela é usada internamente para reduzir e otimizar rotas e cadeias de frio”, dizem Gibovic e Hernández, que não duvidam que seja uma das pendências do setor de alimentos.

 

Fonte: Food Retail & Food Service 


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