Consumo nos Lares Brasileiros cresce 4,33% na comparação anual, aponta ABRAS

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Corte traseiro da carne bovina caiu 2,49% no ano, integrando o conjunto de produtos que registraram retração: arroz (-22,82%), feijão (-4,51%) e leite longa vida (-2,01%); Natal: setor supermercadista projeta crescimento de 15% no consumo das famílias

O Consumo nos Lares Brasileiros registrou alta de 4,33% na comparação entre outubro de 2025 x outubro de 2024, segundo o monitoramento mensal da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Em relação a setembro, o indicador avançou 3,52%. Com esses resultados, o consumo acumula alta de 2,73% de janeiro a outubro.

Os dados são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e contemplam o desempenho de todos os formatos de supermercados.

Para o vice-presidente da ABRAS, Marcio Milan, o resultado mais robusto de outubro indica uma tendência de aceleração do consumo na reta final do ano. “O mercado de trabalho segue favorável com um milhão a mais de pessoas trabalhando com carteira assinada no setor privado na comparação anual. Esse reforço na ocupação, combinado ao pagamento de benefícios e ao abono natalino — que neste ano injetará cerca de R$ 48 bilhões a mais do que em 2024 — amplia a capacidade de consumo das famílias”, destaca.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, o contingente de trabalhadores do setor privado com carteira assinada alcançou 39,229 milhões de pessoas, mantendo estabilidade no trimestre encerrado em setembro. Na comparação anual, houve avanço de 2,7%, o equivalente a mais 1 milhão de empregados. No setor público, o número de ocupados chegou a 12,8 milhões, alta de 2,4%, o que representa acréscimo de 299 mil pessoas ante o ano anterior.

Além do mercado de trabalho mais aquecido, recursos disponibilizados ao longo de outubro também contribuíram para estimular o consumo. O programa Bolsa Família destinou R$ 12,88 bilhões a 18,91 milhões de famílias; o Auxílio-gás repassou R$ 542,14 milhões a mais de 5,01 milhões de beneficiários; a liberação de Requisições de Pequeno Valor (RPVs) somou R$ 2,6 bilhões para aposentados e pensionistas do INSS; e o lote residual do Imposto de Renda transferiu R$ 603 milhões para quase 250 mil contribuintes. Desde 15 de outubro, os pagamentos extras do abono salarial PIS/Pasep também passaram a entrar na economia, totalizando R$ 1,5 bilhão destinados a 1,6 milhão de trabalhadores (15/10 a 29/12).

Em novembro, acrescentam-se os repasses do programa Gás do Povo, que totalizam R$ 3,57 bilhões e atenderão 17 milhões de famílias. Já as duas parcelas do 13º salário dos trabalhadores formais — que serão pagas em novembro e dezembro — devem injetar cerca de R$ 369,4 bilhões na economia, beneficiando 95,3 milhões de pessoas, com valor médio estimado em R$ 3.512,00, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese). O montante previsto em 2025 supera em aproximadamente R$ 48 bilhões o valor estimado em 2024, quando foram pagos R$ 321,4 bilhões a 92,2 milhões de trabalhadores.

Abrasmercado: preços da cesta recuam 0,08% na 5ª queda consecutiva

Arroz (-22,82%), feijão (-4,51%), carne bovina – traseiro (-2,49%) e leite longa vida (-2,01%) puxam as quedas acumuladas no ano

O Abrasmercado, indicador que mede a variação de preços de 35 produtos de largo consumo, registrou retração de 0,08% em outubro, marcando a quinta queda mensal consecutiva — ainda que em ritmo menor que nos meses anteriores, quando foram observadas reduções de 0,43% em junho, 0,78% em julho, 1,06% em agosto e 0,64% em setembro. De janeiro a outubro, a variação acumulada é de 0,57%. Com o resultado, o valor médio da cesta passou de R$ 799,70 em setembro para R$ 799,08 em outubro.

No mês, entre os produtos básicos da alimentação, houve queda nos preços do arroz (-2,49%), leite longa vida (-1,88%), açúcar refinado (-0,92%), massa sêmola de espaguete (-0,61%), farinha de mandioca (-0,34%), farinha de trigo (-0,32%) e café torrado e moído (-0,31%). Subiram o óleo de soja (+4,64%) e o feijão (+1,64%). No ano, destacam-se as reduções nos preços do arroz (-22,82%), do feijão (-4,51%) e do leite longa vida (-2,01%).

Entre as proteínas animais, apresentaram quedas os ovos (-2,66%), a carne bovina — corte dianteiro (-0,34%) e pernil (-0,11%). Tiveram altas o corte traseiro (+0,37%) e o frango congelado (+0,36%). No acumulado do ano, tanto o corte traseiro (-2,49%) quanto o dianteiro (-0,60%) registram queda, refletindo um movimento de acomodação dos preços após a forte aceleração observada no segundo semestre de 2024, quando as exportações aquecidas, a demanda interna mais firme e as queimadas pressionaram os valores para cima. “Uma queda moderada já sinaliza um alívio importante em uma categoria muito sensível para o consumidor”, analisa Milan.

De janeiro a outubro, o pernil registra queda de 2,27%, enquanto o frango congelado acumula alta de 1,68% e ovos, de 5,82%.

Nos alimentos in natura, a alta foi mais acentuada na batata (+8,56%) e no tomate (+2,15%). A única retração veio da cebola (-1,13%).

Nos produtos de uso pessoal, as variações foram: xampu (+0,68%), creme dental (+0,34%), sabonete (-0,24%) e papel higiênico (-1,00%).

Já na limpeza doméstica, houve queda nos preços de detergente líquido para louças (-0,70%), desinfetante (-0,19%) e sabão em pó (-0,17%). Já a alta foi puxada pela água sanitária (+0,47%).

Análise regional

A maior retração foi observada no Sul (-0,45%), onde o valor médio da cesta passou de R$ 881,79 para R$ 877,81. A queda foi influenciada pelo recuo nos preços de leite longa vida (-3,95%), açúcar refinado (-2,79%), frango congelado (-1,28%), além da estabilidade do feijão (0,01%), em contraste com a alta de 1,64% registrada na média nacional. O café torrado e moído apresentou leve queda de (-0,07%).

Na sequência, aparece o Nordeste (-0,19%), onde o valor médio recuou de R$ 712,01 para R$ 710,62. No Sudeste (+0,33%), a cesta subiu de R$ 814,27 para R$ 816,99. No Centro-Oeste (+0,42%) o valor avançou de R$ 750,88 para R$ 754,00. Por fim, o Norte (+0,68%) registrou a maior alta entre todas as regiões, com o valor da cesta passando de R$ 871,06 para R$ 876,96.

Recorte: preços recuam 0,49% no quinto mês consecutivo

Óleo de soja (+4,64%) e feijão (+1,64%) puxaram a alta, enquanto arroz (-2,49%) e leite longa vida (-1,88%) lideraram as quedas em outubro

No Nordeste, cesta fica abaixo de R$ 300,00 – menor preço entre todas as regiões

No recorte de 12 produtos básicos, o preço médio nacional registrou retração de -0,49% em outubro, passando de R$ 346,93 para R$ 345,25. No mês, dez itens apresentaram redução de preços: arroz (-2,49%), leite longa vida (-1,88%), açúcar refinado (-0,92%), massa sêmola de espaguete (-0,61%), queijo muçarela (-0,50%), farinha de mandioca (-0,34%), carne bovina – cortes do dianteiro (-0,34%), farinha de trigo (-0,32%), café torrado e moído (-0,31%), margarina cremosa (-0,05%). Houve alta no óleo de soja (+4,64%) e no feijão (+1,64%).

Na análise regional desta cesta reduzida, o Sul apresentou queda de 0,74%, com o valor médio de R$ 369,00. No Sudeste, houve leve variação negativa de 0,01%, com preço médio de R$ 359,95. O Centro-Oeste variou 0,02%, com preço de R$ 339,86, enquanto o Nordeste recuou 0,04%, para R$ 299,98. No Norte, a cesta registrou alta de 0,48%, passando a custar R$ 416,67.

Capitais e regiões metropolitanas

Entre capitais e regiões metropolitanas, os maiores valores médios para a cesta de 12 produtos continuam concentrados no Norte, com Rio Branco (R$ 416,26) e Belém (R$ 417,08). No Nordeste, seguem os menores preços do país, com destaque para Aracaju (R$ 298,81), Fortaleza (R$ 298,91), Salvador (R$ 299,83), São Luís (R$ 300,83) e Recife (R$ 301,54). No Centro-Oeste, os valores ficaram em R$ 339,62 em Campo Grande, R$ 338,75 em Goiânia e R$ 341,21 em Brasília. No Sudeste, São Paulo registrou R$ 355,24, Belo Horizonte R$ 360,25, Grande Vitória R$ 362,09 e Rio de Janeiro R$ 362,25. No Sul, Curitiba alcançou R$ 372,00, um dos maiores valores do país, atrás apenas das capitais do Norte, enquanto Porto Alegre registrou R$ 361,01.

Natal: setor supermercadista projeta crescimento de 15% no consumo das famílias

Preço médio dos produtos natalinos varia 3,5% ante 2024

Azeite fica, em média, 18% mais barato após a retirada da taxa de importação

O consumo das famílias no período de festas deve crescer, em média, 15%, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Supermercados – ABRAS. A combinação de renda reforçada no fim do ano e ampliação das encomendas pelos supermercados sustenta a expectativa de um Natal mais aquecido em 2025.

Neste ano, os preços da cesta de produtos natalinos estão 3,5% mais altos que em 2024. Apesar das sucessivas quedas observadas ao longo do ano em itens básicos — como arroz, feijão, leite longa vida e cortes bovinos —, as proteínas típicas das festividades apresentam comportamento distinto.

Segundo o vice-presidente da ABRAS, Marcio Milan, esse movimento é esperado: “São produtos altamente sazonais, com demanda mais pressionada, custos logísticos maiores e, em alguns casos, dependência do câmbio, como o bacalhau. Por isso, mesmo em um ambiente de alívio nos preços da alimentação, é comum que chester, peru, tender e cortes especiais registrem aumentos acima da média. A projeção de alta de 5,8% para essas proteínas, informada pelo setor, está alinhada ao padrão histórico do fim de ano.”

Por outro lado, o consumidor encontrará azeites mais baratos neste Natal. Após a extinção da tarifa de importação em março de 2025 — que reduziu o imposto de 9% para zero — os preços do produto recuaram ao longo do ano, levando a uma queda média de 18%.

As encomendas também registram avanço. No grupo das proteínas animais, o volume médio de pedidos aumentou 10%. As variações individuais de preços são: carne bovina (+3,6%), frango (+3,5%), ovos (+4,8%), chester (+5,5%), lombo (+6,0%), peru (+6,0%), tender (+7,0%), bacalhau (+7,0%), pernil (+7,1%), peixes (+7,3%).

No segmento de bebidas, as encomendas cresceram 13%, com reajuste médio de 5,4%. As menores variações foram registradas em sucos (+2,3%), bebidas destiladas (+3,2%), cervejas (+4,6%), vinhos nacionais (+4,6%), refrigerantes (+6,0%), espumantes e frisantes (+7,1%), em vinhos importados (+9,6%).

Na cesta de frutas, o volume médio de encomendas também ficou em 10%. As maiores variações de preços ocorreram em nozes e castanhas (+7,7%), frutas especiais e importadas (+6,7%), frutas secas (+6,0%) e frutas nacionais da época (+4,5%).

Os produtos tradicionais de Natal — panetones, chocotones, biscoitos especiais e chocolates — registraram alta de 13% no volume de encomendas e variação de 7,4% no preço.

A cesta típica composta por dez itens — aves natalinas, azeite, caixa de bombom, espumante, lombo, panetone, pernil, peru, sidra e tender — foi calculada em R$ 351,80, R$ 5,97 acima dos R$ 345,83 registrados no ano passado.

Nas regiões, o valor médio da cesta ficou em R$ 341,99 no Centro-Oeste; R$ 352,75 no Norte; R$ 364,73 no Sul; R$ 348,23 no Sudeste; e R$ 351,28 no Nordeste.


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