Trem-bala pode ter um "parador" em paralelo

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O projeto do traçado da linha do trem de alta velocidade (TAV), que foi batizado popularmente de trem-bala, pode sair nos próximos dias. A expectativa da obra, que poderá envolver investimentos de até US$ 15 bilhões, causa alvoroço na iniciativa privada por conta da exploração dessa concessão, a partir do ano que vem.

 

O DCI apurou que existem vários pontos convergentes nas propostas das empresas interessadas na obra.

 

O percurso envolveria 2trens, um de alta velocidade, que ligaria o Rio de Janeiro a São Paulo, e outro que interligaria cidades do interior como as paulistas Campinas, Aparecida e São José dos Campos, por exemplo, em um trem menos veloz, denominado por fontes do setor 'trem parador', com alças de acesso de parada nas cidades para permitir a passagem do TAV no mesmo trilho.

 

Outra preocupação das empresas é a topografia do trecho que ligará o Rio de Janeiro a São Paulo, com 800 metros de desnível, o que onera o projeto "[A obra] tem de ser feita basicamente em linha reta, para ligar os dois estados, mas com uma pista inclinada nas curvas, como a pista de corrida da Fórmula Indy", diz o professor Hostilio Xavier Ratton Neto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especializado em programas de engenharia de transportes. Dessa maneira seria possível a passagem de um trem a cerca de 350 a 400 km/h.

 

As empresas esperam o anúncio oficial em breve sobre o traçado e quantas paradas a obra envolverá, mas a previsão para interligar algumas cidades do interior do Rio e de São Paulo, por meio de trens em menor velocidade, é senso comum às empresas, que têm de criar um transporte diferenciado. Apesar de utilizar o mesmo trilho, com circulação a cada 20 minutos, em média, esses trens paradores terão de operar como uma alça de recuo nas estações, para quando passar o trem de alta velocidade. "O [trem] mais lento encosta em uma estação, enquanto o trem mais rápido vai direto do Rio a São Paulo, e vice-versa", diz Julio Lopes, Secretário de Transportes do Estado do Rio de Janeiro.

 

A interligação para desafogar os aeroportos paulistas e otimizar o transporte, tanto de cargas quanto de passageiros, seria no trecho de São Paulo a Campinas, em um trem com velocidade menor, mas também rápida. Lopes acredita que o custo para o Governo Federal gire de R$ 5 a 6 bilhões diluídos ao longo de 7 anos.

 

Na opinião do secretário, "o projeto mais provável para o traçado [do trem-bala] é o da empresa alemã TransCorr, que terminou um estudo em 2002. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), porém, ainda não fechou o estudo", ressalta. O projeto da TransCorr lembra o da Trends Engenharia e Tecnologia, empresa nacional que participará da licitação junto com grupos sul-coreanos. Segundo Albuino Azeredo, consultor da Trends, no estudo da empresa "estão inicialmente previstos trens a cada 15 minutos."

 

Brigando pelo bilionário negócio, o diretor-geral da francesa Alstom, Ramon Fondevila, diz que o projeto do trem-bala terá de envolver, além do TAV, "os trens paradores, para atender cidades menores, enquanto o TAV passa diretamente para o Rio ou São Paulo".

 

O executivo fala que o TAV tem motores em todas composições, como os operados pelo Metrô de São Paulo, sem obviamente a tecnologia para manter altíssima velocidade, mas que "os trens paradores não têm tantos motores, por isso não conseguem arrancar e frear rápido, como os da CPTM." Para a Alstom, seria possível fazer o trajeto RJ-SP a 400 km/h, em cerca de 80 minutos. "É vantagem em cima até da ponte aérea, em que não se pode manter ligados lap tops ou celulares, diferente do transporte via TVA, com serviços de alto valor agregado e refeições, como na Europa." Fondevila diz que, de Campinas a São Paulo, o trem seria de velocidade rápida, com média de 200 a 250km/h. "Há cerca de mil ônibus fretados fazendo o curso Campinas a São Paulo. Com o trem haverá forte impacto no trânsito, com horários para o transporte passageiros e cargas".

 

Campinas

 

A implementação do TAV vai impactar a região de Campinas, pois o Aeroporto de Viracopos possui cerca de 21 milhões de metros quadrados de área para concessão pública. "Temos como aliar o trem de alta velocidade ao valor agregado desta área. Nosso cálculo é arrecadar de R$ 4 a R$ 5 bilhões, com prazo por 30 anos", estima o prefeito da cidade, Hélio de Oliveira Santos.

 

Para ele, o trem teria passagem na nova rodoviária, localizada na Vila Industrial. "No Terminal Multimodal de Passageiros Ramos de Azevedo, há uma área reservada à estação do TAV. Desta forma, os moradores de outras cidades poderiam desembarcar na rodoviária e fazer a integração com o trem para Viracopos e demais cidades atendidas no percurso", comentou Santos.

 

Veículo: DCI


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