Serasa prevê novo perfil de crédito

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A demanda de crédito da pessoa física este ano deve seguir um perfil bem diferente do registrado no ano passado. Em 2009, o consumidor aproveitou o impacto benéfico das reduções do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nos preços de fogões, geladeiras, móveis e automóveis para antecipar compras de bens duráveis, impulsionando as vendas a crédito. O mesmo não deve ocorrer este ano, quando os incentivos fiscais chegam ao fim.

 

Para a Serasa Experian, ocorrerá uma mudança no tipo de crédito procurado pelo consumidor, que deve diminuir o ritmo na compra de duráveis em relação ao ano passado e deslocar interesse para dívidas de longo prazo, especialmente na compra de imóveis. Grandes redes varejistas, como a Ricardo Eletro, já preparam estratégias para tentar compensar o fim da redução do IPI, e apostam na venda de televisores de LCD, com a proximidade da Copa do Mundo, entre junho e julho, para equilibrar os resultados de 2010 com os do ano passado.

 

A diretora de vendas da rede, Jacqueline Feital, comentou que durante o mundial as vendas de TVs costumam subir dois dígitos. "Na Copa anterior, de 2006, os televisores de plasma e de LCD eram novidade e tinham preços muito elevados, mas agora estão mais em conta, acessíveis até mesmo para as classes C e D, com crédito parcelado", concluiu.

 

O gerente de Indicadores de Mercado da Serasa, Luiz Rabi, lembra, porém, que o consumidor brasileiro não compra itens caros, como geladeiras e fogões, todo o ano. A menor procura por duráveis pode influenciar, sim, o desempenho de crédito pessoal este ano, em relação ao ano passado. "Não acho que a demanda por crédito ao consumidor vá cair, mas acho que o ritmo de alta será mais fraco, em relação ao ano passado", explicou.

 

Em 2009, mesmo com a crise, as operações de crédito para o consumidor no País tiveram aumento de 14,9%, de acordo com dados do Banco Central reunidos pelo coordenador de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Olinto. Ele explicou que este percentual é menos intenso do que o apurado em 2008, quando as operações de crédito mostraram alta de 31%. "Porém, a procura por crédito vem mostrando um movimento crescente, desde 2003. O ano passado foi atípico, devido à crise", disse.

 

Para este ano, na avaliação do técnico da Serasa, as perspectivas de um bom momento macroeconômico para 2010, com possibilidade de aumento no poder aquisitivo da população, devido a reajustes no salário-mínimo e bons indicadores no mercado de trabalho, podem levar o consumidor a investir no sonho da casa própria, com a ajuda de financiamentos. "O crédito imobiliário precisa de confiança elevada por parte do consumidor, e o grau de confiança do consumidor está elevado", disse Rabi.

 

A Losango, empresa de soluções financeiras do HSBC, está acompanhando os novos interesses do consumidor no campo de financiamentos. Mesmo com a crise global no ano passado, a financeira apurou aumento de 5% no volume de operações financeiras em 2009 ante 2008, impulsionado pelo apetite do consumidor em comprar bens duráveis. Para driblar o provável menor interesse do brasileiro por este tipo de produto nas compras a crédito em 2010, a empresa aposta em financiamentos para material de construção este ano.

 

Segundo semestre. A inadimplência do consumidor deve inverter a queda no segundo semestre. O Indicador Serasa Experian de Perspectiva da Inadimplência, divulgado na quinta-feira, ampliou-se 0,6% em dezembro, a quarta alta mensal seguida, alcançando o valor de 99,6. Esta sequência de ascensão do indicador indica que a tendência de declínio na inadimplência das pessoas físicas deverá continuar por mais alguns meses, mas, na metade do semestre, começará a reverter-se.

 

De acordo com os especialistas da Serasa, o rápido aumento do endividamento das famílias, notado no segundo semestre de 2009, por causa do desgaste do poder aquisitivo - levando-se em conta a elevação da inflação neste começo de ano -, o esgotamento dos efeitos da recuperação cíclica do nível de emprego sobre a inadimplência do consumidor e a alta do custo dos financiamentos em diversas modalidades de crédito para as pessoas físicas estão entre os fatores que deverão colaborar para a interrupção da atual queda da inadimplência.

 


Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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