Banco Central decide juro com perspectiva de inflação em alta

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Analistas do mercado financeiro são unânimes ao afirmar que durante a próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que será realizada hoje e amanhã, a autoridade monetária manterá, pela quinta vez seguida, a taxa básica de juros (Selic) em 8,75% ao ano. O cenário de manutenção foi projetado mesmo com a previsão, por parte de instituições financeiras dentro do Boletim Focus, de que a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), ficará acima do centro da meta neste ano, em 4,6%.

 

Para Marcelo de Faro, economista da Korus Investimentos, o governo deve iniciar a alta da Selic em março, com elevação de 0,25 ponto. Desta maneira, no terceiro mês do ano a taxa de juros ficaria em 9%. "Agora, em janeiro, é difícil termos uma elevação na taxa de juros, pelo cenário econômico ainda moderado . Já em março, o Banco Central deve puxar 0,25 ponto da Selic, para que o valor não tenha um impacto muito forte nas eleições deste ano", disse.

 

Segundo o economista Keyton Pedreira, há ainda capacidade ociosa na indústria brasileira, mas o percentual está muito próximo dos níveis pré-crise. "Os efeitos industriais ainda não vão impactar na Selic", analisa.

 

"Elevação da Selic não é um bom caminho, pois os juros no Brasil ainda são muito altos. O caminho seria elevar o compulsório bancário, reduzir o número de parcelas em financiamentos e créditos, o que seria uma medida menos política. Alinhar os preços não administrados, que andam mexendo muito com a variação da Selic, pelo desequilíbrio das safras e dos preços internacionais, e a redução dos gastos do governo", pontuou Faro.

 

O motivo do governo para o aumento da Selic, apontado pelos especialistas, seria conter uma possível escalada da inflação, cujo centro da meta está em 4,5% no ano. Segundo as análises, a Selic deve encerrar o ano abaixo dos 11%. A projeção do Boletim Focus desta semana, porém, é de uma taxa básica de 11,25%, resultado igual ao da última leitura. A diferença, no entanto, foi a variação para mais das taxas de inflação.

 

Otimismo em alta

 

Para os especialistas, a inflação poderá subir acima da meta em 2010. O IPCA avançou de 4,50% para 4,60%, assim como aumentou o IGP-DI, passando de 4,50% para 4,55%, e o IGP-M que subiu para 4,59% no Focus desta semana, ante a alta de 4,55% da análise passada. Já o IPC-Fipe manteve à mesma taxa anteriormente prevista (4,50%). Para 2011, o mercado espera que todos os índices de inflação fiquem dentro da meta.

 

"Realmente a previsão da inflação é de que suba pouco acima da meta", comenta o analista do fundo de investimento da Eletrobrás, Daniel Pache. "O otimismo na economia é bastante forte, tanto que, se antes achávamos que a taxa aumentaria a partir do segundo semestre, agora acreditamos que mudará na reunião de abril do Copom", diz o analista. Pache acredita que a Selic fechará este ano em 11,25%.

 

O otimismo pode ser analisado pelo relatório Focus, que aponta crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 5,30% neste ano. Para 2011, o prognóstico é fechar em 4,50%.

 

Outra análise positiva é o Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2010, que deve alcançar US$ 38 bilhões, crescimento em comparação com o último relatório (US$ 37 bilhões). Em 2011, as projeções alcançaram US$ 40 bilhões, ante US$ 39,20 bilhões projetados anteriormente.

 

Poucas mudanças

 

Nos outros dados do Focus, as alterações foram poucas. A dívida pública líquida teve queda de 42,95% do PIB, para 42,30% do PIB para 2010, e manutenção de 40,85% em 2011. As perspectivas quanto às retrações da conta corrente deste ano subiram de déficit de US$ 45,50 bilhões, para US$ 47,50 bilhões e, no próximo ano, poderão terminar em negativos US$ 55 bilhões, ante US$ 59,47 bilhões previstos anteriormente.

 

Quedas também ocorreram nas projeções da balança comercial, passando de US$ 10,75 bilhões para US$ 10 bilhões, neste ano e, de US$ 4,50 bilhões para US$ 2,80 bilhões. Já sobre a taxa de câmbio, as expectativas permaneceram as mesmas tanto para 2010 (R$ 1,75), quanto para 2011 (R$ 1,83), assim como ocorreu na predição para os preços administrados, neste ano, fechando em 3,50% (há 24 semanas). Para 2011, a análise do índice subiu de 4,35% para 4,50%.

 

Sobre a produção industrial, os prognósticos aumentaram para 8,30%, ante 8% divulgados na semana passada. Em 2011, o previsto é de alta de 4,80%.

 

O Boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central trouxe elevação nas projeções para o IPCA, de 4,50% na semana passada, para 4,60%. Ainda assim, analistas não esperam alta da Selic na reunião do BC.

 

 

Veículo: DCI


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