Na era Lula, real já teve valorização de 100,64%

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Moeda é a mais valorizada em relação ao dólar num ranking de oito países

 

A moeda brasileira valorizou-se 100,64% em relação ao dólar desde o início do governo Lula. Em 31 de dezembro de 2002, um dia antes da posse do presidente, o dólar valia R$ 3,533. Na última quarta-feira, a moeda americana estava cotada em R$ 1,761. Só neste ano, a valorização do real em relação ao dólar foi de 32,7%.

 

Os números fazem parte de um estudo da consultoria Economática, que levou em conta a cotação média do dólar apurada pelo Banco Central no período (dólar PTAX). De acordo com o estudo, o Brasil está no topo do ranking de valorização das moedas locais em relação ao dólar num grupo que inclui sete países da América Latina e as economias da zona do euro nos dois períodos analisados.

 

Entre 31 de dezembro de 2002 e a última quarta-feira, a moeda local desvalorizou-se em relação ao dólar em apenas três países do grupo analisado: Argentina (-11,25%), México (-20,59%) e Venezuela (-34,74%). Já no acumulado deste ano, apenas o peso argentino perdeu valor em relação ao dólar, com um recuo de 9,17% no período, enquanto o bolívar da Venezuela não teve variações por causa da paridade fixa do câmbio desde 2005.

 

Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional e Comercial da consultoria e responsável pelo estudo, observa que a desvalorização dólar em relação ao real acumulada neste ano até a última quarta-feira beira 25%, um recorde histórico. "Nunca houve uma queda tão forte da moeda americana em relação à moeda nacional", observa Rivero. Ele evita fazer projeções, mas acredita que a tendência deverá se manter até o encerramento do ano.

 

GARANTIAS

 

Miguel Daoud, diretor da Global Financial Advisor, explica que a valorização do real em relação ao dólar está ligada à fuga dos investidores internacionais da moeda americana para aplicações em ativos que oferecem mais garantias. Ela ocorre com moedas de países emergentes e, especialmente, com o real, pois o País foi menos afetado pela crise. "Esse movimento ninguém consegue segurar. A política cambial se transformou numa política de enxugar gelo", compara o economista.

 

Daoud explica que, como a crise começou nos Estados Unidos, o governo americano para evitar uma catástrofe financeira acelerou a emissão de moeda. Com isso, aumentou o volume de dólares circulando no mercado. Esse excesso de liquidez é que provocou a perda de valor da moeda americana em relação a outras moedas. Para se resguardar dessa desvalorização, os investidores buscaram ativos reais, como aplicações em commodities, títulos de países emergentes e ativos de empresas, comprando ações em bolsas de valores. "Por isso, os papéis subiram nas bolsas e o real se valorizou", diz o economista. Mas ele ressalta que esse movimento não está totalmente respaldado na economia real, tanto é que o crescimento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no 3º trimestre em relação ao anterior decepcionou.

 

Apesar da valorização do real em relação ao dólar, o cenário começou a mudar. Nos últimos 30 dias, o dólar acumula alta de 3% em relação ao real. Essa mudança de rota, diz o economista, foi provocada pela melhora dos indicadores do emprego nos EUA e pela percepção dos investidores estrangeiros de que os juros americanos poderão voltar a subir antes do prazo previsto e já contabilizado nos preços.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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