A Nestlé, uma das gigantes do setor alimentício, estaria negociando uma parceria até então inédita com a startup israelense Future Meat Technologies (FMT). O objetivo é usar a carne cultivada em laboratório em futuros produtos do portfólio da companhia suíça. Uma boa notícia, já que a medida pode desencadear mudanças como uma queda brusca na necessidade de criar e abater animais para alimentação.
Segundo o portal de notícias Bloomberg, a Nestlé pretende explorar o potencial da carne cultivada, que além de sustentável, parece não comprometer o sabor final dos alimentos. A companhia incorporará os produtos feitos de carne da FMT em sua marca Garden Gourmet, oferecendo aos consumidores alimentos híbridos, combinando a carne cultivada com a vegetal.
O CEO da Nestlé, Mark Schneider, revelou que está disposto a avançar com novas estratégias de proteínas alternativas, visto que as preocupações com o meio ambiente e a saúde levam cada vez mais consumidores a optar por não consumir produtos de origem animal. Segundo a publicação, o movimento pode ajudar a Nestlé a ganhar uma posição de vanguarda na indústria, que pode chegar a fatia de 35% do mercado de carne até 2040, o que corresponde a quantia de US$ 1,8 trilhão.
Virada de jogo para a indústria alimentícia
O fundador e presidente do grupo Good Food Institute (GFI), Bruce Friedrich, diz que o interesse da Nestlé em levar a carne cultivada para o mercado é um passo na direção certa. Friedrich acredita que a medida deve contribuir para o avanço do que ele classifica como uma nova norma global: fornecer proteínas sustentáveis aos consumidores em escala global. "Quando a Nestlé fala, a indústria de alimentos escuta", acrescentou Friedrich.
No entanto, um dos maiores obstáculos para o projeto sair do papel são os altos custos de produção. O primeiro hambúrguer cultivado em laboratório, por exemplo, custou US$ 325.000 para ser produzido, um custo final que as startups como a FMT reduziram drasticamente. A empresa israelense conseguiu produzir frango em laboratório a US$ 4 por 100 gramas, e planeja reduzir esse valor pela metade até o fim de 2022, afirmou o CEO Rom Kshuk.
Além dos altos custos de produção, outro obstáculo para levar a nova tecnologia aos consumidores é a aprovação do governo. A FMT está buscando aprovação regulatória em vários países, e deve começar a comercializar os seus produtos para consumidores e restaurantes nos Estados Unidos já em 2022. Vale destacar que atualmente o único lugar no mundo onde a carne cultivada pode ser vendida legalmente é em Cingapura.
Fonte: Olhar Digital