Perdigão ajusta a produção e diz que vai investir R$ 600 milhões em 2009

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A Perdigão, que planeja investir R$ 600 milhões no próximo ano, vai realizar "paradas técnicas" no primeiro trimestre de 2009 para reduzir estoques de carnes destinados ao mercado externo. A medida é uma forma de enfrentar os três primeiros meses do ano, os quais a própria empresa avalia que serão difíceis por conta da crise financeira internacional. "O primeiro trimestre vai ser difícil. Vamos reduzir em 20% a produção de frango, suínos e peru", afirmou Antônio Augusto de Toni, diretor da área internacional da Perdigão, durante almoço de fim de ano. 

 

Segundo ele, os estoques se elevaram em razão das enchentes em Santa Catarina, que paralisaram o porto de Itajaí - 60% das exportações da Perdigão eram escoadas por esse porto. "Estamos com um caixa confortável, mas vamos fazer as paradas técnicas para baixar os estoques", disse José Antônio do Prado Fay, que assumiu a presidência da Perdigão em outubro passado, substituindo Nildemar Secches, que ficou 13 anos no cargo. 

 

Além de os atrasos em Itajaí terem elevado em 40% os estoques da Perdigão, os estoques também estão altos nos importadores como Europa e Japão, disse de Toni. 


Para driblar a escassez de oferta de bois, a Perdigão também está dando férias coletivas para funcionários da unidade de abate de bovinos de Mirassol d'Oeste (MT). 

 

De acordo com Nilvo Mittank, diretor de operações da Perdigão, ainda não estão definidas que fábricas terão as paralisações, que durarão cerca de 20 dias. Isso vai depender do tipo de produto que fabricam, explicou, acrescentando que poderão ocorrer férias coletivas ou redução de turnos para adequar os estoques à demanda. 

 

Apesar da perspectiva do primeiro trimestre difícil, Fay está otimista e acha que "o fluxo de consumo de alimentos não se reduz, a não ser que a crise seja muito forte". Ele só teme que o pessimismo ultrapasse os três primeiros meses do ano. "Vários setores têm dito que 'vão ficar olhando o primeiro trimestre'. Se for assim, não vai acontecer nada", observou. 

 

Para Fay, a falta de crédito, decorrente da crise financeira, pode até fazer sobrar mais dinheiro para a compra de alimentos no mercado doméstico, já que juros mais altos desestimulam as vendas de bens duráveis. 

 

O mercado externo, para onde a Perdigão espera vender 5% a mais em 2009, ainda suscita dúvidas. O presidente admite que o cenário da Rússia, onde há restrição de crédito e mudança no regime de cotas de importação ainda está indefinido. Ele também não descarta queda na demanda na Europa, onde o padrão de consumo muda rápido dependendo do cenário. "Estive na Europa para visitar clientes há dois meses e dizer que não tivemos problemas com derivativos e que o país está bem. Eles estão pessimistas, deprimidos", disse. 

 

Um reflexo desse pessimismo já pode ser visto na Plus Food, empresa que a Perdigão tem na Europa. De acordo com Fay, as vendas vinham crescendo, mas isso parou de ocorrer. 

 

Apesar das incertezas, Fay lembrou que a China reabriu seu mercado às exportações de frango do Brasil, o que pode compensar parte de eventual redução em outros mercados. Ele observou ainda que o Brasil é competitivo no setor que atua e deve ter vantagens em relação aos EUA, seu principal concorrente, já que a valorização do dólar encarece os produtos americanos. 

 

O executivo também informou que a Perdigão vai investir ano que vem o mesmo valor de 2008: R$ 600 milhões. Os recursos serão destinados à finalização das obras do complexo de Bom Conselho (PE) - que entra em operação no primeiro semestre -, a obras de ampliação e modernização da unidade de Lajeado (RS), à conclusão de ampliação da capacidade de Mirassol d'Oeste, à expansão e à melhoria de linhas na Plusfood e à otimização de linhas e logística. 

 

A princípio, disse Fay, os recursos devem vir do caixa da empresa, mas se o mercado melhorar, também pode tentar captar. 

 

Quanto aos produtos natalinos, a expectativa da Perdigão é vender 6% a mais - volume adicional que colocou no mercado em relação a 2007. De acordo com Fay, este ano o varejo demorou um pouco mais para comprar por causa do capital de giro. 


 
Veículo: Valor Econômico


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