Perdigão pisa no freio no 1º trimestre

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A produção de aves e suínos da Perdigão será reduzida em 20% durante o primeiro trimestre de 2009. O objetivo é evitar uma queda dos preços decorrente dos aumentos dos estoques internacionais, principalmente no Japão e na Europa, grandes consumidores de carne brasileira e responsáveis por cerca de 50% das vendas externas da Perdigão.

 

Os executivos da empresa, no entanto, ressaltaram que a decisão visa a diminuir apenas os estoques dos produtos voltados para o comércio exterior e que o mercado doméstico não está necessitando de ajuste. No início do mês, a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef) já havia recomendado aos seus associados que diminuíssem a produção por causa da crise internacional. Para a Abef, a redução deveria ser justamente de 20%.

 

Segundo o presidente da Perdigão, José Antonio do Prado Fay, a redução da produção começa em janeiro, com a parada técnica de algumas unidades e com uma parte de seus 59 mil funcionários entrando em férias coletivas. Ele minimizou os efeitos da decisão. "Vamos reduzir o nosso estoque e não a oferta. Ao deixar de produzir, ajustaremos a oferta à demanda".

 

O nível dos estoques da Perdigão está 40% acima de sua média histórica e este aumento ocorreu, principalmente, por causa de problemas no Porto de Itajaí, danificado pelas fortes chuvas que atingiram a maior parte do estado de Santa Catarina. O porto é o principal escoadouro das exportações da Perdigão.

 

Compradores. "Com a diminuição da produção pretendemos reduzir em 20% os estoques ainda em janeiro", disse o diretor da área internacional da empresa, Antônio Augusto de Toni. Segundo Toni, a procura pelos produtos da Perdigão não caiu no mercado internacional após a crise.

 

"A demanda está praticamente igual. Se houve queda, foi mínima. O que acontece é que o mercado está trabalhando com muito estoque". O diretor informou que está esperando uma queda de 5% das vendas, em volume, no primeiro trimestre, em relação aos patamares anteriores à crise. Além disso, no mesmo período, os preços devem cair 10%.

 

O efeito mais significativo da crise sobre os negócios da companhia, disse, decorreu da forte contração da oferta de crédito. Muitos importadores dos produtos Perdigão, principalmente empresas instaladas na Rússia, deixaram de ter acesso a financiamentos. A empresa foi obrigada a negociar com estas companhias, concedendo a algumas maiores prazos de pagamento. Nem todos os clientes, porém, obtiveram este privilégio. "Tivemos que ser bastante seletivos, pois muitas empresas, que não eram tradicionais importadoras, poderiam nos trazer riscos".

 

Apesar dos percalços recentes no mercado internacional, o presidente da companhia está otimista em relação à perspectivas da Perdigão em 2009.
"Nossas vendas para o mercado externo devem crescer 5% no ano que vem. A crise abre uma oportunidade de mercado para o Brasil. Nossos produtos têm qualidade e, com a desvalorização do real, estarão mais competitivos do que os do nosso principal concorrente, os Estados Unidos, e poderemos ganhar market share no mercado internacional".

 

Para Fay, a crise não deverá ter consequência significativa sobre o segmento no qual a Perdigão atua. "Nossos produtos têm baixa elasticidade em relação à renda, são produtos mais baratos." O otimismo também vale para as vendas ao mercado doméstico, que deverão apresentar expansão de 5% a 6% em 2009, na sua avaliação.

 

Os investimentos programados pela companhia, disse Fay, não foram adiados e ficarão no mesmo nível de 2008, ao redor de R$ 600 milhões. A maior parte do desembolso irá para projetos já iniciados, como a fábrica de Bom Conselho (PE) e para a Eleva, empresa que está sendo integrada ao grupo.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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