Perdigão anuncia recuo e férias coletivas no abate de bovinos

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Assim como seus concorrentes e toda a cadeia avícola, a Perdigão S.A. anunciou que também reduzirá seu ritmo de crescimento no primeiro trimestre de 2009, em torno de 20%. A companhia ainda está estudando como fará as já confirmadas "paradas técnicas" em algumas de suas fábricas para reduzir o nível de estoque dos produtos de exportação. Mas já está acertada que a unidade de bovinos de Mirassol D’Oeste (MT) entrará nesta semana em férias coletivas por 20 dias pela já diagnosticada retração no mercado russo. "O negócio de bovinos para Rússia e Ucrânia está recuando bastante, mais do que em outras carnes. Por isso, paramos nesta semana com a unidade de abate de bois", justifica Antônio Augusto De Toni, diretor da Área Internacional da Perdigão.

 

A unidade de Mirassol D’ Oeste é a única do grupo de bovinos, segundo De Toni, e estava abatendo 600 cabeças por dia. "A negociação com o mercado russo está complicada, os preços estão caindo e os importadores pedindo prazo. Estamos concedendo crédito apenas aos que já têm relacionamento há muito tempo com a empresa", acrescenta o executivo.

 

No primeiro trimestre de 2009, começam também as paradas técnicas para reduzir estoques que, segundo o diretor-presidente, José Antônio do Prado Fay, estão altos, também por causa dos problemas no porto de Itajaí (SC), que responde por 60% dos embarques da companhia. Ainda não foi definido de que forma e em que unidades essas paradas vão ocorrer. Podem acontecer com redução de dia de abate nas unidades que funcionam de segunda a sábado, utilização do banco de horas de funcionários ou redução de um dos três turnos em algumas unidades, conforme detalha Nilvo Mittanck, diretor de Operações.

 

O objetivo é reduzir em 40% o volume de estoques de exportação da companhia, segundo Fay. Ele diz que por conta da experiência negativa com Itajaí, a companhia está estudando pulverizar o uso de portos brasileiros. "Não acho que teremos aumento de custo logístico com essa readequação. Estávamos com uma concentração excessiva em Itajaí", avalia o diretor-presidente. Entre as alternativas estudadas, estão os portos de Rio Grande (RS) e São Francisco do Sul (SC). "Podemos, inclusive, diversificar os modais de transporte que usamos hoje, incluindo ferrovias", explica Fay.

 

De janeiro a setembro deste ano, a Perdigão havia investido R$ 2,3 bilhões, dos quais R$ 1,8 bilhão com as aquisições da Eleva, Plusfood e Cotochés, conforme balanço da companhia referente ao terceiro trimestre (encerrado em 30 de setembro). Assim, com exceção das aquisições, os investimentos em 2008 devem atingir R$ 600 milhões, valor que deve se repetir em 2009, segundo o diretor-presidente. O recurso deve ser aplicado na conclusão do complexo Agroindustrial de Bom Conselho (PE) - de processamento de lácteos e industrialização de embutidos de carnes - em adaptação e melhorias das empresas recém-adquiridas, além da conclusão dos ajustes das duas unidades da Plusfood na Europa. "Esperamos concluir essas adequações até meados do próximo ano, inclusive o projeto de unificação comercial da Eleva, Batávia e Perdigão, cujo projeto piloto já foi iniciado", avisa Fay.

 

Nada novo nas cotas russas

 

O ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou ontem que não há novidade na notícia de que a Rússia elevou cotas de importação de carne suína aos Estados Unidos e reduziu às destinadas ao Brasil, além de ter reduzido para ambos os países no caso da importação de carne de frango. De acordo com o Mapa, as medidas já tinham sido acordadas neste ano na visita do ministro russo de agricultura, Alexei Gordeiev e, depois, consolidadas com o presidente russo, Dmitry Medvedev, que também esteve no País. As autoridades dos dois países, segundo o Mapa, acordaram que a situação do Brasil será revista depois que a Rússia conseguir atingir seu objetivo de passar a integrar a Organização Mundial do Comércio (OMC), processo cuja aprovação depende do aval dos Estados Unidos.

 

O Ministério das Relações Exteriores informou que o governo brasileiro ainda não recebeu a comunicação oficial do governo russo e que, por isso, qualquer análise neste momento seria pré-matura. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Suína (Abipecs) divulgou ontem nota em que considerou "discriminatória" a medida russa. No mês de novembro, as vendas de carne suína para a Rússia recuaram para US$ 32 milhões, metade dos US$ 62 milhões de novembro de 2007.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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