Exportador de carne suína encara futuro com cautela

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Incertezas derivadas da crise financeira global que assusta governos, empresas e consumidores deixaram a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) cautelosa em relação ao futuro. Como em outras áreas para as quais este ano deixará alguma saudade, a esperança da entidade, hoje, é pelo menos repetir em 2009 os resultados de 2008. 

 

E 2008, apesar dos pesares de novembro, foi um bom ano para as vendas de carne suína do país no exterior, como Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs, deixou claro em encontro de fim de ano com jornalistas ontem em São Paulo. "O ano vinha muito bem, com aumentos de produção e preços e boa demanda. Aí vieram a 'marolinha' [referência a declarações do presidente Lula já em meio às turbulências financeiras que depois se aprofundaram] e a tragédia em Santa Catarina, mas mesmo assim os resultado foram positivos". 

 

Os reflexos da "marolinha" na demanda e no crédito disponível aos importadores, sobretudo os russos, e a paralisação do porto de Itajaí em virtude das enchentes catarinenses, que deixaram mais de uma centena de mortos, provocaram uma redução de 48,62% do volume de carne suína embarcada no mês passado em relação a novembro de 2007. 

 

De acordo com dados da Secex compilados pela Abipecs, as exportações somaram 27.469 toneladas no mês. O valor dos embarques diminuiu 36,9% na comparação, para US$ 78,242 milhões. Para a Rússia, o volume enviado caiu 56,57%, para 10.250 toneladas, e a receita caiu 48,3%, para US$ 32,48 milhões. De janeiro a novembro, o volume total de vendas chegou a 498.338 toneladas, 8,31% menos que nos primeiros onze meses de 2007, mas a receita subiu 30,66%, para US$ 1,404 bilhão. Para o acumulado de 2008, a entidade projeta faturamento de US$ 1,6 bilhão. 

 

Segundo Camargo Neto, os principais pontos que colaboraram para o desempenho verificado foram o reconhecimento de Santa Catarina como livre de aftosa sem vacinação pelo Chile, a vinda de uma missão veterinária dos Estados Unidos para realizar análises de riscos visando à abertura do mercado americano, o interesse do Japão (maior importador de carne suína do mundo) em também abrir seu mercado e a expectativa de avanços para romper a resistência chinesa. 

 

Mas, apesar do balanço positivo que fez, o presidente da Abipecs voltou a reclamar do governo federal. Para o dirigente, as reações oficiais à crise financeira têm sido lentas e os problemas decorrentes da escassez de crédito continuam. Segundo ele, "faltam políticas anticíclicas" e mesmo o Banco do Brasil tem de encontrar maneiras de driblar a burocracia para ganhar agilidade nesse processo. 

 

Pedro de Camargo Neto concorda que as empresas do segmento vão segurar investimentos (ver matéria acima), mas lembrou que o câmbio estará mais favorável às exportações e que o preço de matérias-primas como o milho será mais baixo em 2009, como apontam as previsões atuais. "Com isso", disse, "o Brasil pode ser muito competitivo". 

 

Veículo: Valor Econômico


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