Para quem começou o ano com uma expectativa de crescimento de 22%, o desfecho de apenas 1,3% de aumento do rebanho confinado sinaliza uma estagnação que deve avançar também por 2009.
O número de cabeças de gado em confinamento no País manteve-se em torno de 2,5 milhões e o de animais abatidos subiu apenas de 541 mil cabeças em 2007 para 549 mil em 2008. Goiás foi o Estado com o maior rebanho do País, cerca de um milhão de cabeças.
A forte tendência de alta nos preços da arroba bovina negociados no mercado ainda no início de 2008 contrastou com o preço do boi magro, que em agosto atingiu cotação máxima. Essa foi a razão que levou à estagnação do rebanho de gado confinado nos pastos brasileiros. O boi magro representa 65% do custo de produção. Além de estar em alta nas negociações (o boi magro), a oferta estava extremamente reduzida.
A alta excessiva no preço dos insumos para alimentação do gado, que representa os outros 35% do custo de produção, também desestimulou o crescimento do setor e a engorda dos bois. Até o momento do abate, o custo médio gira em torno de R$ 350 só com alimentação.
Ricardo Merola, presidente da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), afirma que essa é a primeira vez em uma década que o confinamento no Brasil cresce abaixo da margem histórica de 20%. E o índice de 1% deve se repetir no próximo ano graças à falta de liquidez e de crédito compartilhada por todos os outros setores econômicos.
No caso dos confinadores, as Cédulas de Produção Rural (CPR), lastro atrelado ao boi, custa ao pecuarista um juro de 22% ao ano, até mesmo no Banco do Brasil (BB). "O confinamento é uma indústria oportunista , e não existem boas oportunidades no nosso horizonte. A oferta de 2011 já está definida", decreta Fábio Dias, diretor da Assocon.
Uma pesquisa de intenção de confinamento realizada pela Associação em novembro revela o desestímulo. Apenas 31% dos confinadores têm intenção de aumentar a produção em 2009. O levantamento apresentou um total de 549 mil cabeças de gado em sistema de confinamento.
O setor também já não reage mais ao antigo estímulo da União Européia (UE). "A intolerância imposta pelo mercado europeu não vale os R$ 2,40 de prêmio oferecidos aos criados por arroba exportada", justifica Dias. Ele lembra que apenas três fazendas associadas à Assocon são certificadas. Existem cerca de 600 fazendas certificadas à exportar para a UE no Brasil, e esse número já foi maior.
Para Juan Lebrón, diretor-executivo da Assocon, a retração nas exportações de carne bovina já acusada pelos números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) precisa ser revertida com a abertura de novos mercados e a retomada de antigos, como o Chile por exemplo. "O setor só não está pior porque a crise nos pegou com os estoques enxutos".
Veículo: Gazeta Mercantil