Retomada de exportação para UE pressionará preço da carne

Leia em 3min 10s

A notícia de que o Mato Grosso do Sul e todo o Estado de Minas Gerais e do Mato Grosso poderão voltar a fornecer bovinos que atendam à demanda européia por carne in natura a partir de 1º de dezembro, ocasionará um efeito de pressão de alta ainda maior para os preços do boi e da carne no mercado interno brasileiro, sobretudo a partir da entressafra de 2009.

 

Embora seja difícil traçar cenários de curto, médio e longo prazos por conta da crise financeira global, que afetará demandas de mercados, especialistas acreditam que a notícia é positiva para o setor produtivo brasileiro.

 

"Se a habilitação de fazendas continuar nesse bom ritmo e levando em conta o fato de que a oferta de gado no Brasil vai continuar reduzida, o impacto sobre os preços no mercado interno poderá se intensificar ainda mais", avalia Fabiano Tito Rosa, consultor da Scot Consultoria. De acordo com a consultoria, o rápido movimento de autorização de novas propriedades habilitadas pelos europeus já colaborou, em parte, com o aumento de 5% dos preços do traseiro no atacado no último mês, para R$ 6,70 o quilo. "O aumento significativo é resultado do efeito exportação e também de maior demanda no mercado interno pelos cortes de churrasco, por conta do fim de ano", completa Tito Rosa.

 

É importante lembrar que após a habilitação das regiões exportadoras, cada fazenda somente poderá se tornar fornecedora de carne para os europeus se passar por triagem coordenada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa). As propriedades devem ser Estabelecimentos Rurais Aprovados no Sisbov (Eras) e pedir vistoria ao representante do Mapa em seu estado. Após a auditoria, os dados serão encaminhados ao Mapa e posteriormente aos europeus, para que, por fim, estes autorizem o ingresso da propriedade à lista de habilitadas.

 

José Vicente Ferraz, diretor do Instituto AgraFNP, concorda com a pressão de alta que está por vir após a notícia. No entanto, o especialista acredita que o efeito de uma demanda a mais pelo boi dessas regiões aprovadas trará maior impacto ao preço da arroba e não tanto sobre o preço da carne no atacado. "Não acredito que os preços da carne ultrapassem muito os níveis em que estão hoje. Os frigoríficos têm um limite para fazer esse repasse. A demanda a mais fortalecerá o preço da matéria-prima e prejudicará a margem dos frigoríficos", complementa. "As indústrias terão de aumentar o volume de abates, hoje estão com enorme capacidade ociosa".

 

Embora possam enfrentar aperto de margens internamente, há a possibilidade de ganhos com novos contratos de exportação. O frigorífico Independência, por exemplo, espera alavancar vendas de carne in natura para os europeus, já que possui três plantas habilitadas no Mato Grosso do Sul e outras três em fase de habilitação no estado do Mato Grosso. O Independência exportou 7 mil toneladas ao bloco este ano.

 

"Hoje exportamos a partir das plantas de Minas Gerais e Goiás. Até o final de 2009, teremos pelo menos mais seis plantas fornecedoras para os europeus", conta André Skirmunt, diretor comercial do frigorífico. Skirmunt não acredita que a demanda européia eleve os preços internos, porque há um descolamento entre os fornecedores. "O que vai acontecer com mais intensidade é a segmentação no mercado produtivo". Hoje o País tem três nichos de produtores: os que produzem boi tipo exportação para os europeus, os fornecedores para outros mercados menos exigentes e, ainda, os que detém animais sem rastreabilidade. Com maior oferta de bois para a UE, o prêmio pago por arroba tende a cair. Antes era de 15% e chegou à faixa entre 0% e 7%.

 

Veículo: DCI


Veja também

Sadia mira em fundos de investimento para se capitalizar

A fragilizada condição financeira da Sadia S.A., que em setembro tinha registrado mais de R$ 620 milh&otil...

Veja mais
Vendas de aves devem crescer no final do ano

As vendas de aves de festas de final de ano como o peru e os frangos especiais de até 4 quilos devem crescer 15% ...

Veja mais
Colapso leva Cargill a pesquisar novas aquisições

A Cargill Inc., a segunda maior empresa de capital fechado dos Estados Unidos, pretende realizar aquisiçõe...

Veja mais
Peixes amazônicos à venda em SP

Surubim, pintado da Amazônia e tambaqui, peixes naturais da bacia amazônica, já estão à...

Veja mais
Sadia considera sócio para ganhar fôlego financeiro

Companhia estaria disposta a vender até 20% do negócio para garantir investimentos Depois de perder R$...

Veja mais
Rebanho bovino cai pelo 2.º ano seguido

O rebanho de bovinos no País voltou a cair no ano passado, apesar de 2007 ser considerado como um ano positivo pa...

Veja mais
Nova suspeita sobre a Sadia chega à CVM

Informação privilegiada teria sido usada em negociação com ações da Sadia ante...

Veja mais
Chuva em SC muda via de exportação da Sadia

As empresas exportadoras de carnes já sentem as conseqüências das chuvas que têm castigado Santa...

Veja mais
Menos bois e mais frangos e suínos em 2007

O Brasil encerrou 2007 com um rebanho bovino de 199,8 milhões de cabeças, 3% menos que no ano anterior, se...

Veja mais