Companhia estaria disposta a vender até 20% do negócio para garantir investimentos
Depois de perder R$ 760 milhões com operações com derivativos de câmbio e ver o preço de suas ações caírem consideravelmente, a Sadia registrou uma alta repentina nos seus papéis nos últimos dois dias. As ações preferenciais chegaram a subir 16% no fim da manhã de ontem, enquanto a valorização do Ibovespa era de apenas 1%. A explicação para a disparada, aparentemente fora de contexto, é que uma parte da Sadia estaria à venda.
Segundo fontes do mercado financeiro e próximas à companhia, a maior exportadora de frangos do País estaria negociando a entrada de um investidor financeiro, provavelmente um fundo de private equity. Fontes ligadas a alguns desses fundos disseram já ter sido procuradas pela empresa. O objetivo da empresa, segundo essas fontes, seria vender 15% a 20% da companhia, por um valor entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões, o suficiente para repor as perdas recentes.
Procurada, a Sadia não quis comentar a informação. Com as perdas recentes, a empresa ficou barata para os fundos, que poderiam injetar capital para revender a participação por um preço melhor no futuro. Seu valor de mercado chegou a ser metade do da rival Perdigão.
NESTLÉ
Nos dois últimos dias, a Sadia foi o alvo preferencial do mercado financeiro. Nas mesas de operação, chegou-se a cogitar que o comprador seria a Nestlé, hipótese prontamente negada pelas duas empresas. Ontem, passados os boatos, as ações preferenciais da Sadia fecharam com uma pequena valorização de 1,79%.
O que pode ter alimentado os rumores foi o fato de o presidente da Nestlé no Brasil, Ivan Zurita, ter anunciado, no início do mês, que faria aquisições na área de alimentos ainda neste ano. Como a Sadia está no mercado à procura de um sócio, logo especularam que ela era o alvo mais provável do momento. Analistas e especialistas não apostam nessa operação.
A Sadia vive um momento delicado. No terceiro trimestre, registrou um prejuízo líquido de R$ 777 milhões, provocado principalmente pelas perdas financeiras com derivativos. No mesmo período do ano passado, a empresa havia lucrado R$ 188 milhões.
Enquanto tenta encontrar uma solução para recuperar fôlego financeiro, a companhia também enfrenta três processos judiciais nos Estados Unidos. Acionistas minoritários da Sadia no país estão processando a empresa, alegando que ela violou as leis que regulam o mercado de capitais americano.
A Sadia é acusada, nesses processos, abertos em Nova York, de emitir informações deturpadas sobre a natureza de seu negócio e suas operações financeiras, inflando de maneira artificial o preço de suas ações.
Veículo: O Estado de S.Paulo