Boi gordo sobe na BM&F em mês de forte queda de grãos

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Em seu momento de entressafra, o boi gordo foi o único entre os seis contratos agrícolas negociados no mercado futuro da BM&FBovespa a encerrar outubro em alta. Os grãos, sob a influência das cadentes cotações no mercado internacional, terminaram o mês com quedas pronunciadas. 

 

Na média, os contratos de boi gordo de segunda posição de entrega negociados na bolsa brasileira subiram 1,51%, para R$ 92,06 por arroba, segundo cálculos do Valor Data. O avanço do preço médio ocorreu a despeito das quedas registradas na segunda metade do mês, ocorridas sob a onda de boatos de que parte dos embarques de carne para a Rússia seria desovada no mercado interno. 

 

"Todo mundo achou que o mercado de carnes não seria afetado pela crise da forma que foi. Para uma época de entressafra como essa, era para o preço estar novamente próximo de R$ 100 por arroba, como ocorreu no meio do ano", disse André Nardini, analista da Terra Futuros. No ano, a média dos contratos de segunda posição acumula alta de 37,54% e, no ano, de 42,30%. 

 

A alta da média dos contratos de boi gordo acabou sendo tímida, mas a oscilação dos preços manteve-se acentuada. A instabilidade atrapalha frigoríficos e pecuaristas na montagem de custos e margens, mas não é vista como negativa de forma unânime. "A volatilidade é boa para o mercado porque, ao atrair o especulador, dá liquidez ao mercado. A entrada e a saída ficam muito mais fáceis", avalia Marcos Barbosa de Lima, operador da corretora Souza Barros. 

 

Dos seis contratos agrícolas negociados na BM&FBovespa, o que encerrou o mês com queda mais acentuada foi o de soja. Em outubro, os papéis de segunda posição de entrega recuaram -21,21%, para US$ 20,49 por saca de 60 quilos, na média. No ano, o recuo acumulado é de 16,22% e, nos úlitmos 12 meses, de 32,89%. 

 

A baixa ocorre sob a influência direta do tombo das commodities agrícolas no mercado internacional. Na bolsa de Chicago, principal referência para a formação de preços, a queda dos contratos de segunda posição, normalmente os de maior liquidez, foi de 21,15%, para US$ 9,3385 por bushel. 

 

Os contratos de café, produto com segundo maior volume de negócios na bolsa brasileira, tiveram queda menos acentuada, o que não significa que esse mercado teve dias menos agitados. A baixa da média dos papéis de segunda posição foi de 16,67%, para US$ 139,10 por saca de 60 quilos. 

 

"Café e dólar estão em pontas contrárias. Se um sobe, o outro cai. E, na volatilidade, os dois estão iguais. O dólar está subindo e caindo muito e o mesmo tem acontecido com o café", diz Lima. 

 

No milho, o recuo dos contratos de segunda posição em outubro foi de 10,50%, para R$ 21,72, na média. Ainda que tenha repetido o movimento registrado no mercado externo, sua dinâmica está muito mais relacionada à atual situação de oferta do mercado interno, afirma Eduardo Tang, analista da Souza Barros. 

 

Em 2007, diz, com a quebra da safra européia, a demanda por milho brasileiro cresceu exponencialmente. As exportações chegaram a cerca de 10 milhões de toneladas. "Neste ano, se a exportação atingir 6 milhões de toneladas, vai ser muito", diz Tang. E isso em um ano em que a safrinha de milho atingiu pico histórico. "Sem demanda lá fora, a saída vai ser vender no mercado interno, mas não há demanda aqui para tanto milho", avalia. 

 

Os contratos de etanol e açúcar, de volume irrisório, também tiveram um mês de declínio. O etanol caiu 18,73%, para US$ 464,64 por metro cúbico, na média, e o açúcar, 11,60%, para US$ 15,01 por saca de 50 quilos, na média. 

 

Veículo: Valor Econômico


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