Perda registrada pela empresa com operações alavancadas com derivativos marcou o grupo, mas deve ser superada.
O presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem que a perda registrada pela empresa com operações alavancadas com derivativos marcou a companhia, mas deve ser superada. "A Sadia ficou marcada com uma cicatriz, mas todos carregam alguma, e isso não impede de seguir a trajetória", disse.
Furlan, ex-ministro da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Exterior, tentou tranqilizar ontem o mercado em uma reunião com analistas. Ele assumiu o cargo há três semanas no lugar da Walter Fontana Filho, que renunciou após anunciar que a empresa de alimentos registrou perdas de centenas de milhões de reais devido a operações com instrumentos financeiros derivativos. "Temos uma equipe de bombeiros cuidando disso diariamente", comentou Furlan.
A Sadia divulgou no dia 29 prejuízo líqüido consolidado de R$ 777,378 milhões no terceiro trimestre do ano, contra lucro de R$ 188,352 milhões no mesmo período do ano passado. O resultado financeiro foi negativo em R$ 1,214 bilhão, contra receita líquida financeira de R$ 162,650 milhões um ano antes.
A Sadia ainda detalhou ontem as perdas contábeis de R$ 239,5 milhões registradas no balanço do terceiro trimestre com a marcação a mercado de títulos no exterior. Segundo a empresa, o montante de R$ 91,9 milhões equivale à marcação a mercado de notas estruturadas de vários bancos, inclusive o Lehman Brothers, dos Estados Unidos, que pediu concordata em setembro.
Outros R$ 117 milhões equivalem a bônus do Lehman e R$ 30,6 milhões referem-se a notas de crédito emitidas por outras instituições financeiras no exterior. O valor de R$ 239,5 milhões tem apenas efeito contábil e não caixa, já que o prazo final para a liquidação destas operações é setembro de 2009. Somadas com as perdas que tiveram efeito caixa no resultado da Sadia no terceiro trimestre, de R$ 653,2 milhões por instrumentos financeiros liquidados, o prejuízo financeiro total da empresa chegou aos R$ 892,7 milhões de julho a setembro.
Metas - O diretor de relações com investidores da Sadia, Welson Teixeira Júnior, disse que a companhia pretende rever suas metas de exposição ao câmbio, que hoje prevêem um máximo de US$ 1,7 bilhão. A intenção é evitar que a companhia sofra novamente com oscilações cambiais bruscas e garantir que a variação dos ganhos com exportação compense as perdas financeiras.
O executivo também afirmou que a empresa vai anunciar um novo cronograma de distribuição de dividendos. Inicialmente, a Sadia previa uma distribuição em fevereiro sobre o segundo semestre de 2008, mas isso não deve ocorrer devido ao grande prejuízo registrado no terceiro trimestre de 2008. Em reunião com analistas, ele não deu detalhes do novo programa.
Furlan disse que a empresa criou um programa para incentivar os funcionários a reduzir custos e aumentar a produtividade. Com isso, terão ganhos extras para compensar a ausência da participação nos lucros em 2008. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG