Para aumentar a competitividade e enfrentar a situação de desaceleração do varejo têxtil, a fabricante de etiquetas Haco está investindo em novas unidades de negócios voltadas para tecnologias de identificação de produtos. A companhia colocou no mercado as etiquetas com tecnologia de frequência de rádio. Sua meta é produzir cerca de 12 milhões de unidades neste ano, o que corresponderia a um faturamento de R$ 4 milhões. O produto vai guiar a estratégia da empresa de ampliar as tecnologias usadas em todo seu portfólio nos próximos anos.
"Nossa ideia é investir em maquinário e desenvolver novas unidades de produtos que utilizem mais tecnologia. A etiqueta RFID será um dos maiores pilares da empresa", afirmou ao Valor o presidente da empresa, Alexander Stefan DattenlKremer.
No ano passado, a Haco firmou uma parceria com a Valid, antiga American BankNote (ABNote) para criar uma nova forma de controle de mercadorias. A companhia passou a aplicar em suas etiquetas de tecido a tecnologia Valid, composta por um chip e uma antena capaz de captar informações por frequência de rádio. A ideia é que essa etiqueta possa substituir as atuais placas de alarme afixadas em roupas e calçados, para melhor controle de estoques e eficiência logística.
Para o desenvolvimento e produção das chamadas "etiquetas inteligentes", a Haco investiu R$ 3 milhões ao longo de oito anos. Cerca de um milhão de unidades por mês já são feitas na matriz da empresa, em Blumenau (SC). "Temos projetos de 150 milhões de peças por ano", afirmou o executivo. Dentro de cinco anos, espera-se que a etiqueta inteligente corresponda a 25% do faturamento da Haco.
Com cinco fábricas, inclusive em Portugal, atualmente companhia opera utilizando cerca de 80% da capacidade
A estratégia de desenvolvimento de tecnologias está relacionada com o baixo valor agregado das etiquetas, que pressiona as margens das fabricantes. No ano passado, esse fator foi somado à desaceleração das vendas no varejo e a maior concorrência com os importados asiáticos. Diante desse cenário, o faturamento da Haco recuou cerca de 10%, para US$ 90 milhões.
Hoje, a empresa tem capacidade de produção de 15,5 milhões de metros de tecidos por mês no Brasil. Com cinco unidades produtivas - incluindo uma em Portugal, com capacidade de 1,24 milhão de metros por mês - a companhia hoje opera utilizando cerca de 80% de sua capacidade. "Ano passado foi um ano difícil. Mas foi bom para a estruturação interna da empresa", contou DattenlKremer. Em 2010, a Haco iniciou operações em Hong Kong através de fabricantes terceirizados, para atender o crescimento de clientes globais com produtos fabricados na região.
O executivo está no comando da Haco desde 2010, quando a gestão da empresa foi profissionalizada. Fundada em 1928 pela família Conrad, a companhia deve passar por uma reformulação, na qual a área comercial deve ser reforçada e a industrial será renovada, segundo DattenlKremer. Para ganhar em tecnologia, a companhia planeja investir 27% a mais neste ano, o que deve gerar um faturamento 30% maior do que o verificado no ano passado. A meta da Haco é dobrar o faturamento até 2015.
Veículo: Valor Econômico