Renda forte devolve fôlego a supermercados

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Com um aumento expressivo nas vendas, o setor supermercadista, começou o ano com resultados interessantes. A área teve um desempenho forte ao sentir um volume de vendas 7,4% maior na passagem de dezembro de 2011 para janeiro deste ano - lembrando que em dezembro a rede varejista lucra com as vendas de Natal. Fora isso, o setor viu incremento de 7,6% na comparação com janeiro do ano passado. Já na outra ponta, segmentos como o varejo de automóveis e motos vivenciaram queda no período, de 2,9%. Afinal, a população estava mais interessada em investir em outras prioridades, como o financiamento de imóveis.

Segundo Luiz Goes, sócio sênior da GS&MD - Gouvêa de Souza, empresa especializada em varejo, é possível que a venda de automóveis possa ter uma melhora até o começo do próximo semestre. "Não será igual ao ano de 2010 em que as vendas serão ótimas, acredito que teremos um patamar similar ao visto no segundo semestre do ano passado", como diz.

Já nas redes varejistas de supermercados, o crescimento acentuado na comparação de dezembro de 2011 a janeiro deste ano deve-se ao aumento da renda e a queda nos preços dos alimentos, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio ,os preços mais baixos também são os responsáveis pelo bom desempenho. "A renda ajudou uma recuperação no setor de supermercados, mas tem outro fator que é o preço também. Os preços dos alimentos desaceleraram", diz. No varejo ampliado, que inclui os setores de veículos e material de construção, a alta de 7,7% ante janeiro de 2011 e contou com 39,8% de contribuição das redes supermercadistas, aponta o estudo.

"Quando a gente olha o varejo ampliado, tem um peso alto dos automóveis, de 25% da taxa, mas supermercado aparece com quase 40% do aumento do volume de vendas", notou Pereira. Em janeiro, o reajuste de 14% no salário mínimo - que hoje está em R$ 622 - ainda não foi sentido nas vendas no varejo, porque os empregados só recebem efetivamente o aumento pelo mês trabalhado no início de fevereiro. Para o especialista em varejo Luiz Goes, esse cenário pode ser modificado ao longo deste ano.

"Fevereiro ainda será impulsionado pelos supermercados devido ao carnaval que é grande impulsionador de compras. Mas informática e comunicação, assim como os eletrodomésticos podem ser os influenciadores do saldo positivo do varejo", explica em entrevista ao DCI.

Ainda segundo Goes, o governo pode prorrogar a redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para linha branca e ampliar a desoneração para a compra de móveis e de material de construção, fatores que podem mudar o patamar dessa pesquisa nos próximos meses. "Provavelmente teremos a prorrogação do IPI reduzido por pelo menos mais seis meses", diz ele.

Lucratividade

A receita nominal do comércio varejista aumentou 3,6% na passagem de dezembro para janeiro, segundo a pesquisa mensal do comércio. Como resultado, a média móvel trimestral da receita ficou em 1,90% no trimestre encerrado em janeiro. Na comparação com janeiro de 2011, a alta foi de 12,1%. Em 12 meses, a receita acumula alta de 11,4%.

Para Pereira, as mudanças metodológicas na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), apuradas pelo instituto, não alteram o cálculo sobre as vendas e a receita do varejo. A PMC atualizou o cálculo da receita nominal do comércio varejista para uma nova base, a de 2011. Antes, a base de cálculo era o resultado do ano 2003.

A pesquisa também utiliza agora as novas ponderações do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como deflator no cálculo da receita do varejo. "Como o IPCA mudou a sua estrutura, estamos fazendo deflacionamento das receitas do varejo sob a nova estrutura. Isso pode influenciar os resultados, porque o peso do IPCA mudou. Mas não tem nada a ver com a receita, são só pequenos ajustes, então a gente não consegue enxergar", conta Pereira e completa: "Então eu posso assegurar que não tem influência quase nenhuma no nosso resultado. A mudança é só para atualizar, mas, na prática, não muda o cálculo".

No caso da receita da atividade de material de construção, a PMC usa a Sinapi, que não passou por mudanças em 2012.

Estabilidade

A adoção de uma nova classificação das empresas que compõem a amostra da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), apurada pelo (IBGE), não altera em nada o resultado, informou Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do instituto.

A entidade adotou a PMC, a partir de janeiro de 2012, a Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0, que dá novos códigos às atividades das empresas. "Essa mudança não interfere em nada na pesquisa, é só mudança de codificação que o IBGE está incorporando na PMC, mas não tem interferência nenhuma no resultado", como afirmou Pereira.

A CNAE é a classificação oficialmente adotada pelo Sistema Estatístico Nacional na produção de estatísticas por tipo de atividade econômica e pela Administração Pública na identificação da atividade econômica em cadastros e registros de pessoas jurídicas, esclareceu o IBGE.



Veículo: DCI


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