Copom se reúne nesta quarta, e crise do coronavírus faz mercado prever novo corte

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O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reunirá nesta quarta-feira (18) e, diante da crise provocada na economia pelo novo coronavírus, os analistas do mercado financeiro preveem que haverá um novo corte na taxa básica de juros.

A Selic está em 4,25% ao ano, o menor percentual desde 1999, quando entrou em vigor o regime de metas para a inflação.


Para a maioria dos analistas do mercado, a taxa deve cair 0,25 ponto percentual, chegando a 4% ao ano. Os analistas dos bancos preveem, contudo, uma diminuição ainda maior, de 0,5 ponto percentual, deixando a Selic em 3,75% ao ano. A decisão do BC será anunciada às 18h.


Após a última reunião, em fevereiro, o Copom indicou que o processo de redução dos juros poderia ser interrompido. Entretanto, também informou que os próximos passos continuariam dependendo da "evolução da atividade econômica", deixando a porta aberta para novas reduções.


A eventual redução dos juros por parte do BC seguiria o exemplo de outros países. Neste domingo (15), o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) promoveu corte de 1 ponto percentual nas taxas de juros do país, que passou a variar de 0% a 0,25%. O Banco da Inglaterra também já tinha adotado ação semelhante.


Cenário atual


A decisão do Copom será tomada em um momento de queda do nível de atividade da economia mundial, intensificada pela pandemia do coronavírus.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, já reduziu de 2,9% para 2,4% a previsão de crescimento da economia global.


Além da OCDE, o Fundo Monetário Internacional (FMI) também prevê que o crescimento global em 2020 será menor que o registrado no ano passado.

 

Nesta terça (17), o governo federal informou que pedirá ao Congresso Nacional para reconhecer estado de calamidade pública. A medida, na prática, autorizará o Poder Executivo a não cumprir a meta fiscal deste ano, que prevê déficit fiscal de R$ 124,1 bilhões.

A expectativa dos analistas do mercado era de alta de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Entretanto, na semana passada, o mercado reduziu a projeção para 1,68%.


Redução não é resposta direta
Em relatório divulgado nesta semana, a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado Federal, avaliou, porém, que "a mera redução dos juros não resulta em respostas diretas da atividade econômica".


Segundo a IFI, o nível de atividade também depende "da confiança dos agentes, da previsibilidade a respeito das ações a serem tomadas no campo fiscal [contas públicas], do ambiente de negócios e do quadro internacional".

Com as expectativas para o crescimento do PIB em queda, também há menos pressões inflacionárias - termômetro do BC para a condução da política monetária (sobre o nível da taxa de juros).


Para este ano, a meta central de inflação, buscada pelo Copom por meio da definição da taxa Selic, é de 4%, podendo oscilar de 2,5% a 5,5%. Para 2021, ano para o qual o BC já está prestando mais atenção, o objetivo central é de 3,75% (com oscilação de 2,25% a 5,25%).


Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC pode reduzir os juros. Quando estão acima da trajetória esperada, a taxa Selic é elevada. O mercado prevê um IPCA, a inflação oficial, de 3,10% para este ano e de 3,65% para 2021 - em linha com as metas.


Taxa de câmbio e investimentos


Segundo analistas, porém, um novo corte na taxa de juros pelo Copom pode intensificar as pressões de alta do dólar. Isso porque a redução da Selic diminuiria a rentabilidade das aplicações financeiras no país - o que poderia estimular uma retirada adicional de recursos de estrangeiros. Com menos dólares no mercado, seu preço poderia subir ainda mais.


"A queda dos juros nos Estados Unidos deveria ser um atrativo para o real, porém, a moeda brasileira continua se depreciando, e como lado negativo na redução da Selic, os impactos podem ser maiores do que prevíamos anteriormente", avaliou o sócio da Messem Investimentos, William Teixeira, em comunicado.


A eventual redução da Selic também afetará aplicações financeiras como a caderneta de poupança e os investimentos em renda fixa. No caso da poupança, a regra atual de remuneração prevê que os rendimentos estão atrelados aos juros básicos sempre que a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano.

 

Nesse cenário, a correção anual das cadernetas fica limitada a um percentual equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial, calculada pelo Banco Central. A norma vale apenas para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012.


Se o juro básico da economia recuar para 4% ao ano, a correção da poupança seria de 70% desse valor - o equivalente a 2,8% ao ano, mais a Taxa Referencial. A previsão de analistas é de que a poupança perca para a inflação em 2020.


Para tentar um rendimento um pouco melhor, economistas avaliam que os investidores podem buscar o Tesouro Direto - criado em janeiro de 2002 e permite a pessoas físicas a compra de títulos públicos pela internet, por meio de bancos e corretoras. Outra opção, a Bolsa de Valores, vem registrando fortes perdas neste ano por conta do coronavírus.


Fonte: G1

 

 

 

 


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