Expansão da Ferroeste exigirá US$ 3 bi

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Os últimos anos têm sido agitados na Ferroeste, empresa ferroviária ligada ao governo do Paraná, que administra 248 quilômetros de trilhos no interior do Estado. Primeiro, por causa de uma batalha judicial para retomada da estrada de ferro, que havia sido subconcedida à iniciativa privada. Agora, porque a administração planeja construir mais 1,27 mil quilômetros de ferrovia, que se somarão ao trecho já existente entre os municípios de Cascavel e Guarapuava. Os investimentos estão estimados em R$ 3 bilhões. 

 

Há quatro ramais em estudo, um deles em direção ao porto de Paranaguá, com extensão de 360 quilômetros e investimento previsto de R$ 1 bilhão. Atualmente, a América Latina Logística (ALL) possui uma ferrovia que liga a região central do Paraná ao porto, mas o trecho proposto pela Ferroeste deverá encurtar o caminho em 125 quilômetros. Os outros três ramais prevêem a ligação de 300 quilômetros até o município catarinense de Chapecó; mais 170 quilômetros até Foz do Iguaçu, na fronteira com o Paraguai; e 440 quilômetros até Maracaju, no Mato Grosso do Sul. O último trecho exigirá a construção de uma ponte sobre o Rio Paraná, entre Guaíra (PR) e Mundo Novo (MS). 

 

"O contrato de concessão da Ferroeste, que é de 1988, dá direito à construção dos ramais que forem necessários para a viabilidade da ferrovia", comenta o presidente da empresa, Samuel Gomes. Segundo ele, não há a intenção de usar recursos públicos para a obra, mas financiamentos de longo prazo, do BNDES ou de bancos privados, que serão pagos pela própria operação da ferrovia. A ampliação, segundo o executivo, deve começar em 2009 pelo ramal que vai a Paranaguá, mas os outros deverão ser iniciados antes da conclusão do primeiro. 


 
"Quero que o governador Requião e o presidente Lula inaugurem pelo menos esse trecho", diz. "Dinheiro não falta no mundo, e temos dados que mostram que essas ampliações são viáveis, porque permitirão o transporte de cargas de grãos, carnes e outros produtos não só do Paraná, mas também de estados e países vizinhos." Gomes acredita que os projetos não terão problemas ambientais, porque estão sendo feitos em parceria com o Instituto Ambiental do Paraná. 

 

Para reduzir o tempo de construção, ele planeja dividir a ferrovia por módulos de cerca de 50 quilômetros cada um, para que sejam construídos simultaneamente. E, como no trecho inaugurado em 1995, ele espera contar com a ajuda de soldados do Exército nos canteiros de obras. Consultado, o Exército informou que o "Departamento de Engenharia de Construção (DEC), em parceria com o Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre (DNIT), iniciou as medidas preliminares para retomar as obras ferroviárias que integram o Programa de Aceleração do Crescimento, entre essas incluem-se trechos da Ferroeste". 

 

O Ministério dos Transportes informou ao Valor que "há um estudo sendo avaliado" sobre a Ferroeste. No BNDES, a assessoria informou que ainda não há financiamento previsto para essas obras. Na quarta-feira, o banco fez chamada pública para elaboração de estudos de viabilidade para a implantação de um corredor ferroviário entre os oceanos Atlântico e Pacífico, para unir os portos do Sul e do Sudeste do Brasil a portos do Chile. No mesmo dia, a Ferroeste divulgou texto em que diz que "a linha da Ferroeste entre Foz do Iguaçu e Paranaguá será o trecho brasileiro" desse corredor. Gomes informou que vai levar ao BNDES, no Rio de Janeiro, um estudo de pré-viabilidade realizado pela empresa. 

 

O primeiro trecho da Ferroeste foi construído no primeiro mandato do governador Roberto Requião (PMDB), de 1991 a 1994, com recursos do Tesouro Estadual (US$ 363 milhões). Em 1996, seu sucessor, Jaime Lerner, transferiu a ferrovia à iniciativa privada, por meio de leilão, por 30 anos. Requião retornou ao governo em 2003 e logo deu início às ações para retomar o trecho, sob a alegação de que a subconcessionária Ferropar, que tinha como sócios a Fao Empreendimentos e Participações, Gemon, Pound e ALL, não havia honrado o contrato por não pagar pelo uso do trecho e não transportar o volume previsto. O governo retomou a ferrovia em dezembro de 2006. Gomes afirma que a dívida da Ferropar com o governo soma cerca de R$ 100 milhões. 

 

Hoje a Ferroeste opera com 15 locomotivas e 60 vagões, e a empresa tem acordo de tráfego mútuo com a ALL. O executivo contou que uma nova licitação deverá ser feita em breve para compra de 11 locomotivas. E, para preparar-se para a expansão, a Ferroeste anunciou que fará concurso para contratação de 128 pessoas. "Estamos oferecendo um novo modelo de ferrovia ao país", diz Gomes. 

 


Veículo: Valor Econômico


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