Central de compras prevê giro de R$ 27,8 bi

Leia em 6min 10s

A necessidade dos pequenos e médios varejistas de ganhar musculatura e competir de maneira mais estruturada com os principais players do mercado impulsiona o crescimento das centrais de compras pelo País. Este ano, o número mais que dobrará, passando de 269 para 600. O segmento prevê faturar em média R$ 27,8 bilhões, cifra até 11% maior em relação a 2007, segundo estimativa da consultoria de varejo Gouvêa de Souza & MD e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

 

A participação nessas centrais, que, por envolver várias redes menores oferece maior poder de barganha com a indústria e os fornecedores, possibilita também aos comerciantes obter vantagens na negociação, além de desenvolverem estratégias de marketing em conjunto. A área de tecnologia também é mais bem explorada, com a compra de sistemas para desenvolver o negócio. Nela é possível contratar desde uma empresa para desenvolver um programa de informática para as redes varejistas até a instalação de um eficiente sistema eletrônico de segurança, por preços mais acessíveis.

 

"O comércio varejista é o setor que mais recorre às centrais de compras. A principal demanda é em relação à formação de redes empresariais e as categorias mais procuradas são as de materiais de construção, supermercados, farmácias e papelarias", contou Fabio Ignácio, gestor do Programa central de Negócios do Sebrae-SP. Ele crê que o número de centrais no estado também dobre, chegando a 40 ainda este ano.

 

Para deixar de perder espaço no mercado e fazer frente às grandes redes de drogarias, a Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), criou há dois meses uma central que foi batizada de Integração em Negócios Farmacêuticos (Infar), cuja meta, no primeiro ano de sua operação, é movimentar até R$ 100 milhões e reunir 300 dos cerca de 2,6 mil associados da entidade.

 

O presidente da Anfarmag, Hugo Guedes de Souza, explica que, "queremos criar um mix de produtos e serviços entre os associados para ganhar poder de fogo e movimentar mais o setor. A iniciativa motivará também a abertura de novos estabelecimentos". As negociações com os fornecedores já começaram e, nos próximos meses, surgirão os primeiros contratos.

 

A Manipullare, pequena rede de Carangola, no Estado de Minas Gerais, será uma das empresas beneficiadas com a Infar. "Com a central, a principal meta da empresa é reduzir em 30% os custos fixos e aumentar em 40% nosso tíquete médio, passando a oferecer mais produtos que normalmente não eram comercializados aos clientes", afirmou Marcos Antônio Costa de Oliveira, diretor administrativo. No ano passado, a rede faturou R$ 1,6 milhão.

 

Na opinião de Oliveira, a iniciativa garante aos empresários um crescimento mínimo de 15%, caso contrário, seria possível se tivessem que investir isoladamente em publicidade e tecnologia, analisou ele.

 

"O setor de manipulação passa por um momento de crise e as ameaças serão menores com a união das pequenas empresas", completou o executivo.

 

Formada por quatro lojas, sendo duas farmácias e duas drogarias, a pequena rede mineira investirá R$ 950 mil na abertura de mais dois estabelecimentos até o
ano que vem. O diretor da Manipullare investirá na unificação da farmácia com a drogaria e garante que o crescimento deste ano chegará a 20%.

 

Construção

 

O setor de materiais de construção, um dos que puxaram o crescimento do comércio varejista no primeiro semestre em São Paulo, será endossado com a chegada da rede Suzanconstru ao mercado das centrais de compras. Nascida há cinco anos, a rede conta atualmente com 17 unidades e contratou o Sebrae para auxiliá-la na constituição de uma central de compras. As lojas estão distribuídas entre Suzano, Poá e Itaquaquecetuba, no interior paulista. A rede movimentou R$ 507,4 mil no ano passado e projeta crescimento de até 10% este ano.

 

De acordo Flávia Francini Costa, consultora da Associação Comercial de Suzano, "a formação de uma central de compras não beneficia apenas os pequenos varejistas envolvidos, mas também, os fornecedores e os clientes, que no final terão um preço mais baixo", pontuou. Essas empresas já investiam em ações de marketing, mas com a central de compras poderão fazer um planejamento mais elaborado.

 

A consultora aponta ainda a que a rede precisava deste apoio, pois ainda não está consolidada. Flávia vislumbra que a Suzanconstru fechará 2008 com 25 unidades. Entre as primeiras ações do plano de trabalho da nova central está a reforma do layout das lojas e nas próximas semanas os empresários visitarão algumas centrais já consolidadas para a escolha do melhor modelo. Também é analisada a entrada de uma construtora para endossar a central de compras. Para estreitar o relacionamento com os fornecedores acontecerá, em novembro próximo, uma 'mini Feicon' - em alusão à Feira Internacional da Indústria da Construção (Feicon) - da qual participarão também centrais de outros setores, como o odontológico e o automotivo.

 

Supermercados

 

Segundo a consultoria Gouvêa de Souza & MD, os supermercadistas congregam metade das centrais de compras existentes no País. Só em São Paulo, a Associação Paulista de Supermercados (Apas) contabiliza 520 lojas envolvidas no negócio, que movimentará R$ 5,5 bilhões no estado em 2008. Esses são alguns números que motivaram 15 comerciantes da cidade paulista de Bebedouro a dar os primeiros passos para constituir uma central.

 

Viviane de Freitas, proprietária do Supermercado Freitas, formado por duas lojas, contou que o grupo "poderá iniciar as atividades com a instalação de um sistema de segurança, informática ou investimento em marketing, já que o investimento será diluído entre os participantes". Também será analisada a construção de um centro de distribuição para auxiliar a estrutura logística. "Com a formação da central, o faturamento líquido das empresas crescerá até 6% ao ano", finaliza.

 

Para ganhar musculatura e competir com os gigantes do varejo nacional, pequenos e médios empresários afiliam-se, cada vez mais, às centrais de compras, segmento que deve faturar R$ 27,8 bilhões este ano, 11% a mais que no ano passado, por conta das novas centrais sendo criadas. Hoje, há 269 centrais e a previsão da consultoria Gouvêa de Souza & MD e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é que esse número pule para 600, ainda este ano.

 

Uma delas é a recém-criada pela Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), denominada Infar, cuja meta no primeiro ano é alcançar uma receita de R$ 100 milhões, ao reunir 300 dos cerca de 2,6 mil associados. "Vamos reduzir em 30% os custos fixos e aumentar em 40% o tíquete médio", disse Marcos Oliveira, diretor da farmácia Manipullare, que envolve quatro unidades no interior de Minas Gerais e se associou à central.

 

No ramo de materiais de construção, a empresa Suzanconstru, de Suzano (SP) contratou o Sebrae para formar uma central este ano. Para a consultora Flávia Costa, a meta da rede é fechar 2008 com 25 filiais. Em Bebedouro (SP), o Supermercado Freitas quer formar uma central para incrementar o faturamento em 6%.

 


Veículo: DCI


Veja também

Doença do trabalho tem novas regras de notificação

A Previdência Social quer reduzir ainda mais a omissão deliberada de notificação de doen&cced...

Veja mais
Coop vai produzir 470t de panetone

A concorrente do setor supermercadista Cooperativa de Consumo (Coop) anunciou ontem já ter iniciado a produ&ccedi...

Veja mais
Faturamento de supermercados cresce 4,3% em SP

O faturamento dos supermercados em São Paulo deverá crescer 4,3% este ano, descontada a inflaç&atil...

Veja mais
Depois de sucessivas altas, preço da cesta básica cai 1,83%

A cesta básica de Campinas registrou no mês de agosto uma redução de 1,83% depois de sucessiv...

Veja mais
Crescem em 23% as importações no terminal de Viracopos

Pólo do setor de comércio exterior no País, o Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional Viracop...

Veja mais
Cepea prevê queda de preços para frutas e legumes

Os preços da maioria dos produtos hortícolas devem cair ao longo do segundo semestre deste ano, segundo o ...

Veja mais
Associação lança projeto para desburocratizar portos do País

Após uma experiência bem-sucedida no aperfeiçoamento do serviço de controle de cargas no Port...

Veja mais
No fogo

Mais um passo no projeto de ingresso do grupo gaúcho Renner Herrmann no mercado de laticínios.   A ...

Veja mais
Supermercados devem crescer 4,3% neste ano

Os supermercados de São Paulo estimam crescer 4,3% neste ano. Segundo a Apas (Associação Paulista d...

Veja mais