Após 40 anos de comando familiar, dona da Penalty profissionaliza gestão

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A um ano da Copa do Mundo, Roberto Estefano, controlador da fabricante de artigos esportivos Cambuci, tirou da gaveta um plano para profissionalizar a gestão da companhia, dona da marca Penalty. O empresário contratou um "head hunter" para escolher um novo presidente para empresa e não poupou a família: afastou um sobrinho e dois filhos de seus cargos. "Mais difícil foi convencer as mães deles", diz Estefano.

Após 43 anos no comando executivo da Cambuci, Estefano vai se dedicar apenas ao conselho de administração da qual sua família detém fatia de 63%. O novo presidente escolhido, após uma maratona de sete meses de entrevistas, é o ex-diretor financeiro da drogaria Onofre, Paulo Ricardo Oliveira, que assume o cargo oficialmente em outubro.

Em paralelo, a Cambuci, anunciou a migração para o nível 1 de governança da bolsa, processo que deve ser concluído até o fim do ano. Desde 1985, a Cambuci está listada no nível tradicional.

A melhora da governança da Cambuci foi articulada em parceria com a gestora Leblon, que tem 5% das preferenciais da empresa e um assento no conselho.

As mudanças, que vinham sendo pensadas por Estefano há três anos, coincidem com um momento em que a Cambuci direciona esforços para se tornar mais "enxuta" e reduzir as dívidas.

No fim de 2012, a companhia cortou o quadro de funcionários de 2,6 mil para 2,3 mil pessoas. "Estamos nos adaptando à nova realidade de crescimento econômico mais modesto", afirma.

A Cambuci encerrou o primeiro semestre do ano com dívida líquida de R$ 138,7 milhões, montante historicamente alto para a empresa. Com um projeto de redução nos estoques em andamento este ano, a companhia pode gerar cerca de R$ 30 milhões de caixa até março do ano que vem, recurso que deve servir para quitar compromissos financeiros.

Além disso, alguns imóveis podem ser colocados à venda. "O dinheiro levantado também pode ser usado para reduzir a dívida".

O conjunto de ações na Cambuci faz Estefano acreditar que 2014, ano do mundial de futebol no Brasil, pode trazer um crescimento fora da curva para a Cambuci. Mas, para tanto, a empresa terá que literalmente correr por fora. Num raio de quatro quilômetros dos estádios, a empresa não poderá expor suas marcas por determinação da Fifa, patrocinada pela Adidas.

Com quatro fábricas - três no Brasil e uma no Paraguai - a Cambuci produz chuteiras, bolas, luvas e roupas para a prática de esportes. A companhia importa cerca de 25% do que vende no Brasil de países como a China e a valorização do dólar levou a um reajuste de preços em cerca de 10%, a partir de agosto.

No primeiro semestre, a Cambuci teve receita líquida de R$ 152 milhões, estável na comparação anual. Estefano projeta encerrar o ano com expansão de 10%, o que daria uma receita total próxima a R$ 300 milhões.

Antes do juros e dos impostos, a Cambuci teve lucro de R$ 15,8 milhões no semestre, alta de 49,6%. Esse desempenho foi possível graças a menores despesas operacionais e por um receita excepcional de uma ação indenizatória movida contra uma instituição financeira, no valor de R$ 7 milhões.

Com isso, apesar da piora do resultado financeiro, o lucro líquido da Cambuci mais que dobrou no semestre, para R$ 3,2 milhões.



Veículo: Valor Econômico


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