Varejistas tentam conter reajustes da linha branca

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Redes começaram a negociar com os fornecedores.

 

As redes varejistas de Minas Gerais já começaram a negociar com os fornecedores de itens da linha branca, para que não haja repasse do aumento de custos com mão de obra e matérias-primas, como aço e plástico, a partir de agosto. Desde meados do primeiro semestre deste ano, eles tentam entrar em um acordo, mas o argumento de desaceleração das vendas registrada em alguns meses evitou o repasse.

 

Como tradicionalmente a segunda metade do ano é mais aquecida para o comércio e, conseqüentemente, as vendas são maiores, os fabricantes anunciaram que reajustariam os preços no próximo mês.

 

De acordo com representantes do varejo ouvidos pela reportagem, a intenção é de que não haja aumentos nos próximos três meses. O objetivo, segundo eles, é manter o nível de comercialização elevado e confirmar o crescimento dos negócios na comparação com o exercício passado, já que apesar da desaceleração das vendas, o resultado não chegou a ser negativo no acumulado do primeiro semestre em relação a igual período do ano anterior.

 

A rede de eletrodomésticos e eletroeletrônicos Eletrozema, com sede em Araxá (Alto Paranaíba), por exemplo, está tentando manter os preços de negociação estáveis pelo menos até o próximo pedido e, de acordo com o diretor Comercial da rede, Juliano Antônio Oliveira, ao que tudo indica, irá conseguir. Segundo ele, a maioria dos fornecedores já concordou em não alterar os valores.

 

"Apesar de as vendas não terem caído, nos últimos meses registramos forte retração nos níveis de comercialização, em virtude das medidas de contenção adotadas pelo governo federal, para desacelerar o consumo e a inflação. Como o segundo semestre geralmente é melhor, acreditamos que esse cenário logo será revertido e aí sim, os problemas com repasse dos custos serão menores", disse.

 

Ainda assim, no acumulado do primeiro semestre deste ano os negócios da Eletrozema aumentaram em 23% na comparação ao de igual período de 2010. Já para o restante de 2011, as estimativas são ainda mais otimistas, uma vez que na segunda metade do exercício há datas comemorativas importantes, como Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal que, juntos, colaboram para que o período responda por 60% do faturamento da rede. Dessa forma, está sendo aguardado um incremento de pelo menos 25% dos negócios da rede ao final do exercício na comparação com o ano passado.

 

Repasse - Além disso, conforme Oliveira, caso a manutenção dos preços não se confirme, o aumento deverá ser de 3% a 5% e terá que ser repassado aos consumidores imediatamente. "Infelizmente não teremos como absorver. Porém, já estamos estudando algumas medidas para diminuir os efeitos negativos junto aos clientes, entre elas a dilatação dos prazos para pagamento", completou.

 

Outro grande varejista do segmento que já está em contato com os fornecedores para evitar o aumento dos preços é a Eletrosom, sediada em Monte Carmelo, também no Alto Paranaíba. Segundo o diretor de Marketing e Vendas da empresa, Paulo Fernandes de Melo, a meta é garantir estabilidade para, no mínimo, os próximos três meses. "Este é um péssimo momento para elevação dos valores, pois estamos no meio do processo de recuperação das vendas", disse.

 

Conforme Melo, após já terem negociado com alguns dos fornecedores, é possível dizer que grande parte dos preços será mantida. No entanto, ele ressaltou que ainda resta conversar com alguns fabricantes importantes. Em se tratando do repasse dos reajustes (entre 3% e 5%) aos consumidores, o diretor destacou que a rede vai adotar todas as medidas possíveis para que não seja necessário.

 

"Com a restrição ao crédito, as vendas já começaram a cair nos últimos meses. Se tivermos um aumento dos preços agora, os consumidores não ficarão satisfeitos e começaremos mal o segundo semestre que, geralmente, é bom", justificou.

 

Nos seis primeiros meses deste exercício o volume de vendas da Eletrosom aumentou em 20% ante igual período de 2010. Segundo Melo, entre os principais fatores que permitiram o bom desempenho estão os investimentos na expansão da rede e na ampliação do mix de produtos, além do aumento da renda da população nos últimos anos. Já para o acumulado do ano, as expectativas são ainda melhores.

 

"Se o comércio voltar a ficar aquecido e os níveis de vendas do início do ano forem retomados, vamos encerrar 2011 com crescimento acima de 20% em relação ao exercício passado", ressaltou.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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