Mantega prevê crescimento de 8% a 10% no PIB do 3º trimestre

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Ministro fez a estimativa para crescimento anualizado e afirmou que o câmbio está sobrevalorizado

 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer entre 8% e 10% no terceiro trimestre de 2009 em termos anualizados. Nesse cálculo, considera-se que o ritmo de expansão trimestral se manterá ao longo de um ano inteiro. No segundo trimestre, por exemplo, o PIB cresceu 1,9% em relação ao primeiro. Em termos anualizados, foi uma expansão de 7,8%.

 

Com esse resultado, Mantega disse que o PIB já cresce entre 4% e 5% ao ano, confirmando o dinamismo da economia, mesmo durante o período da crise internacional.
Para 2009, Mantega reafirmou a previsão de crescimento de 1%, taxa ainda baixa, mas, como enfatizou, positiva. "A economia brasileira foi uma das últimas a entrar na crise e o País é um dos primeiros a sair. O Brasil entrou forte na crise porque tinha uma economia que estava crescendo com dinamismo", disse Mantega, lembrando que o País teve apenas dois trimestres de PIB negativo.

 

Em relação ao câmbio, Mantega afirmou que a moeda brasileira está "sobrevalorizada". Em discurso no II Fórum Econômico Brasil Itália, ele explicou à plateia, formada por empresários italianos, que a forte atratividade da economia brasileira levou o País a impor uma "pequena tarifa" para limitar a apreciação cambial e evitar uma bolha na bolsa de valores. Mantega se referia ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% aplicado sobre investimentos estrangeiros.
"Nós estamos tendo hoje uma sobrevalorização da moeda brasileira, o que dá uma situação vantajosa para outros países comercializarem com o Brasil", afirmou, lembrando que o real acumula uma valorização de 23% sobre o euro, superior à valorização da moeda europeia ante o dólar.

 

Isso, segundo ele, compensa qualquer eventual barreira comercial que possa existir da parte do Brasil. "Isso elimina qualquer prejuízo que possa estar sendo causado por tarifas de importação. As tarifas de importação hoje não são elevadas e são totalmente neutralizadas pela valorização cambial", afirmou, lembrando que o Brasil, atualmente, tem um déficit comercial com a Itália.
Segundo Mantega, a valorização cambial no Brasil é fruto das boas perspectivas econômicas. Ele estima que o PIB deve encerrar o ano de 2010 com crescimento de 5%, mesma taxa que deve ser verificada nos próximos anos. "Iniciamos um novo ciclo de crescimento", afirmou. E lembrou ainda que, segundo o Banco Mundial, o Brasil, que é hoje a nona economia do mundo, deve chegar a 2016 na quinta colocação.

 

BRASIL CAMPEÃO

 

Mantega também enfatizou que o Brasil tem boas condições fiscais, recorrendo a projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo as quais o País deve encerrar 2009 com déficit nominal de 3% do PIB e, 2010, de 1,5% do PIB. Esse desempenho, segundo ele, é um dos melhores entre todos os países do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo).

 

Aos empresários italianos, Mantega apresentou as boas oportunidades de investimento, especialmente na área de infraestrutura. E destacou o fato de que a Copa do Mundo de 2014 deve acelerar ainda mais esse ritmo de desenvolvimento. "Devemos ter muitos investimentos na área de infraestrutura, de modo que o Brasil possa ganhar tranquilamente a Copa, e a Itália fique com o segundo lugar", brincou o ministro, que é italiano de nascimento.

 

Governo vai rever projeção de expansão de 2010 para 5%

 

O governo deve rever ainda este mês a projeção oficial de crescimento para o próximo ano dos atuais 4,5% para 5%, segundo informou uma fonte do governo à Agência Estado. A nova projeção deverá servir de referência para as discussões do projeto de lei orçamentária para 2010, que está em tramitação no Congresso Nacional.

 

Uma previsão de crescimento mais elevado tende a aumentar também a estimativa de receitas considerada para a distribuição de despesas na peça orçamentária do ano que vem.

 

De acordo com a fonte, a previsão de 5% também pode ser considerada "conservadora", uma vez que há possibilidades reais de o crescimento do País no ano que vem ser maior do que isso, como alguns analistas do mercado financeiro já comentam.
Governo e analistas esperam que 2010 comece com um carregamento estatístico positivo - o impulso que a atividade econômica deixa de um ano para outro -, ao contrário do que aconteceu este ano, quando a economia já começou o jogo tendo de se recuperar dos prejuízos do ano passado, legado pelo tombo do quarto trimestre.

 

O tamanho do carregamento positivo para o ano que vem dependerá do ritmo de crescimento do último trimestre.
Um dos fatores que leva à opção do governo por uma projeção conservadora de crescimento para o ano que vem é a incerteza em torno de qual será o tamanho da contribuição negativa do setor externo para o Produto Interno Bruto (PIB).

 

Quando as importações crescem mais rápido que as exportações, que é o cenário do governo para o ano que vem, há uma redução no resultado do PIB.
O governo também tem buscado evitar o excesso de otimismo do mercado com a demanda no ano que vem, que pode provocar um temor de alta da inflação e uma posição mais defensiva do Banco Central na condução da política monetária.
Por isso, apesar de nos bastidores, e até em declarações públicas de autoridades, já ser mencionada a projeção de crescimento de 5% para 2010, até agora o governo ainda não revisou formalmente a estimativa de 4,5%, retardando ao máximo esse movimento.

 

As discussões do Orçamento 2010 no Congresso, contudo, tornam inevitável rever essa projeção. O próprio ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse recentemente, em uma audiência pública na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, que considerava razoável uma revisão de 4,5% para 5% na projeção de crescimento do PIB em 2010.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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