Vendas crescem até 8%

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Comércio mantém fôlego, fecha o primeiro semestre com significativa expansão e já faz encomenda para o Natal

 

Apesar de todo o estrago provocado pela crise mundial, a economia brasileira dá importantes sinais de resistência. Pelas contas dos analistas, as vendas do comércio varejista cresceram entre 6% e 7% no primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2008 — quando a bolha imobiliária americana ainda era uma miragem. Se nas contas forem incluídos os segmentos de automóveis, de autopeças e de materiais de construção (o chamado comércio ampliado), o avanço encostou nos 8%.

 

Segundo a economista Luíza Rodrigues, do Banco Santander, quatro fatores estão sustentando tal desempenho: a massa salarial, que cresce 2,9%; o crédito farto às pessoas físicas; as reduções do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); e a retomada da confiança dos consumidores. Nos seus cálculos, as vendas do varejo restrito computaram incremento de 1,3% em junho contra maio e de 5,8% em relação a junho de 2008. Para o comércio ampliado, ela aposta em aumento de 8,6% na comparação de junho contra junho. O dado oficial será divulgado na próxima quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

A tendência, segundo o presidente do Sindicato Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF), Antônio Augusto de Moraes, é de que o segundo semestre seja ainda melhor para o comércio. “O pior momento da crise ficou para trás. O desemprego aumentou em um ritmo muito menor do que o esperado e os salários continuaram subindo acima da inflação. Isso fez com que o comércio se mostrasse resiliente”, disse. No Distrito Federal, especificamente, as vendas do primeiro semestre cresceram 6,5%. Mas ele observou uma mudança nos hábitos dos consumidores locais. “Eles encurtaram os prazos de pagamento dos crediários, o que elevou o valor das prestações e derrubou a inadimplência”, contou. “Esperamos aumento nas vendas de 7,5% no ano todo”, acrescentou.

 

Bom fim de ano

 

Para Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), os bons ventos continuarão soprando sobre o varejo, mas ainda haverá uma desaceleração na velocidade de crescimento das vendas. “Estimamos que o resultado final será um aumento de 4% sobre 2008, um número considerável se for levado em conta que, no ano passado, as vendas tiveram alta de quase 10%”, ressaltou. “Vamos ter um segundo semestre bastante positivo. A despeito de a massa salarial estar desacelerando, os preços estão caindo, mantendo o poder de compra dos consumidores.”

 

O economista ressaltou ainda que, com as vendas crescentes, os lojistas estão antecipando as compras para o Natal, um gás importante para a indústria, que levou um tombo superior a 13% nos seis primeiros meses do ano. “Percebemos que já houve compras antecipadas do comércio. O dólar mais barato estimulou as importações. E se os juros do crédito direto ao consumidor continuarem baixando, vamos ter um fim de ano bastante favorável” , acrescentou Gomes. O Dia dos Pais, por sinal, confirmou as boas projeções para o varejo. Estima-se que as vendas tenham crescido entre 7% e 8% ante o mesmo período do ano passado. O dado oficial deve sair hoje.

 

Varejo se mantém firme, mesmo com a crise

 

Massa salarial — O desemprego aumentou menos do que o esperado e os salários continuam crescendo acima da inflação. No ano, a massa salarial cresceu 2,9%

 

Crédito — O bancos e as lojas voltaram a financiar os consumidores. As taxas de juros, no entanto, ainda permanecem elevadas, mas tendem a cair

 

Imposto — A redução do IPI incidente sobre automóveis, eletrodomésticos e materiais de construção foi repassada em grande parte para os preços

 

Confiança — A população, depois de um momento de forte retração, percebeu que a crise não era tão feia e voltou a comprar sem medo de perder o emprego

 

Veículo: Correio Braziliense


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